Vazamento de gás provoca nuvem gigante de fumaça

Um vazamento de gás de grandes proporções, seguido de pequenos focos de incêndio e de uma fumaça que podia ser vista a quilômetros de distância, atingiu na tarde de ontem o pátio de cargas de uma empresa de armazenagem de contêineres, em Guarujá, no litoral de São Paulo.

Mais de 30 pessoas procuraram os prontos-socorros da cidade depois de terem inalado a fumaça, segundo a assessoria da Prefeitura de Guarujá. A nuvem branca que saía do local atingiu as vizinhas Santos e São Vicente.

Uma das hipóteses para o início do incêndio na empresa Localfrio é uma reação da água da chuva com produtos químicos que eram guardados em contêineres no local, segundo a Cetesb (Companhia Ambiental de SP). A assessoria da empresa afirmou que, por volta das 15h, houve uma reação química entre um produto conhecido como ácido dicloroisocianurato de sódio, que estava armazenado, e água, que invadiu o contêiner, causando a fumaça branca. Trabalhadores que estavam no local relataram explosões. Doze contêineres foram atingidos.

A empresa não soube dizer se o material é perigoso. Segundo Délio Campolina, presidente da Associação Brasileira de Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Abracit), a substância é tóxica. Mas, como a fumaça se dispersou ao ar livre – e não ficou em um ambiente fechado – os potenciais danos à saúde são menores. Irritação nos olhos, garganta e nariz, dificuldade para respirar e dor de cabeça são os principais sintomas que podem ser provocados. Pessoas com doenças respiratórias são mais sensíveis. Segundo Campolina, é recomendável fechar portas e janelas de casa ou sair para uma área externa bastante ventilada e colocar uma toalha molhada na face para evitar e aliviar os sintomas.

Moradores de Guarujá relatam que a fumaça provocou náusea e dores de cabeça. A Prefeitura de Guarujá pediu para que os moradores que vivem próximos ao local fossem para a casa de amigos e familiares e evitassem ficar na área, por precaução. As atividades das empresas vizinhas foram suspensas.

A Localfrio afirmou que apenas um colaborador apresentou sinais de incômodo com o produto e foi encaminhado a um hospital. Não havia feridos, de acordo com a assessoria da empresa.

A Localfrio disse ainda, por nota, que “as autoridades foram acionadas imediatamente” e que as causas do vazamento estavam sendo apuradas por técnicos contratados.

Segundo a Cetesb, havia no local 85 contêineres, dos quais 90% com o ácido, usado principalmente na desinfecção de piscinas. O restante, segundo o órgão, era peróxido orgânico e nitrato de potássio. Ao contrário do que foi inicialmente divulgado, não havia amônia e ácido clorídrico.

A Cetesb diz ainda que a Localfrio possui licença de operação válida até 1º de setembro de 2017, autorizando a movimentação e a armazenagem de produtos químicos.