Uma manifestação contra a violência em comunidades do Rio, realizada após o enterro do jovem morto durante uma festa junina no Morro Santo Amaro, foi interrompida, na tarde deste domingo (8), após um motorista fazer disparos para o alto.
O ato ocorreu na Rua Pedro Américo, um dos acessos à comunidade, e contou com a presença dos pais do jovem.
O protesto foi interrompido quando o motorista de carro tentou avançar sobre os manifestantes e disparou ao menos 2 vezes para o alto
O motorista é policial. Ele foi detido pela Polícia Militar na Rua Ministro Tavares de Lira e levado para delegacia.
Já a Polícia Civil divulgou a seguinte nota:
“A Corregedoria-Geral de Polícia Civil (CGPOL) informa que o servidor estava de folga e foi preso em flagrante por disparo de arma de fogo. Um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) foi instaurado para apurar a conduta do mesmo.
A Polícia Civil reforça que não compactua com quaisquer desvios de conduta, cometimento de crimes ou de abuso de autoridade praticados por seus servidores.”
Tiros em festa junina
Herus Guimarães, de 24 anos, foi morto durante uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) no fim de semana. Ele trabalhava como office-boy e tinha um filho de 2 anos, segundo a família.
“Estamos reunindo o pouco de força que a gente tem, com amigos e familiares, porque a gente vai ter que seguir cuidando dele [do filho de Herus]. Nós vamos ajudar a criá-lo porque é uma semente que meu filho deixou para nós”, disse o pai do jovem, Fernando Guimarães, durante o velório.
Além dele, outras pessoas ficaram feridas — apenas um seguia internada. As vítimas participavam de uma festa junina.
Horas após o incidente, o governador Cláudio Castro (PL) exonerou dos cargos o coronel Aristheu de Góes Lopes, comandante do Bope, e o coronel André Luiz de Souza Batista, do Comando de Operações Especiais (COE), e afastou das ruas 12 policiais que participaram da ação.
“Agora pela manhã, em uma reunião com os secretários de estado de Segurança e da Polícia Militar, determinei o afastamento imediato dos responsáveis por autorizar a operação na madrugada de ontem, na comunidade do Santo Amaro, em meio a uma festa popular”, postou o governador em uma rede social.
O caso é investigado pela Polícia Civil e pela Corregedoria da Polícia Militar. Segundo o governador, o Ministério Público terá acesso a todas as imagens da operação, registradas pelas câmeras corporais dos policiais militares.
“Em conversa com o Ministério Público, demos nossa garantia de que todas as imagens do evento, gravadas pelas câmeras corporais dos policiais, serão disponibilizadas para que as responsabilidades sejam apuradas.”
O MP informou que a operação foi comunicada ao Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (GAESP) pelas forças de segurança do estado às 3h31 deste sábado (7).