Robinho cumpre neste domingo (24) o terceiro dia de prisão. Nesta semana, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu pelo placar de 9 a 2 que o ex-jogador, condenado por estupro na Itália, cumpra a pena de 9 anos aqui no Brasil.
Lá foram três julgamentos e não havia mais recurso possível. A decisão repercutiu na Itália, local do crime.
“Os juízes brasileiros demonstraram grande inteligência e grande independência. Portanto, consideramos que, ao menos no que diz respeito a Robinho, a Justiça foi feita”, diz o advogado da vítima, Jacopo Gnocchi.
Os casos dele e de Daniel Alves, outro ex-jogador da Seleção, são exemplos extremos de uma cultura machista e abusiva ainda muito presente no futebol. A cada oito minutos uma mulher é estuprada no Brasil
A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, que está chefiando a delegação da Seleção Brasileira na Europa, se posicionou sobre os casos envolvendo estupros praticados por jogadores de futebol
“Nesse caso do Daniel Alves, é um tapa na cara de todas nós mulheres. Não estamos falando de um processo, mas de uma condenação”, diz.
Ela ressalta que há preconceito, falta de oportunidade e discriminação contra mulheres no meio do futebol. Um levantamento feito com 209 jogadoras que disputam o campeonato brasileiro apontou que a maioria delas já sofreu algum tipo de assédio moral ou sexual.
Para tentar mudar essa realidade, o Bahia lançou uma campanha contra a “cultura do estupro”. O Vasco tem promovido palestras com atletas do time profissional e fez uma parceria para que a conscientização atinja também crianças e jovens que estão ainda nas categorias de base.
Um dos exemplos abordados nas palestras foi quando a jornalista Júlia Guimarães, do Sportv, foi importunada em uma cobertura.
“Foi tentativa do beijo, mas não teve o toque. E talvez para aqueles meninos, ali naquele momento, não tenha sido uma importunação, mas foi. Se mulher, não consentiu com aquilo, ela se esquivo, então isso representa uma posição de não aceitação”, diz Clarissa Arteiro, diretora de responsabiidade social do Vasco.
Quem se dedica a combater a violência contra a mulher acredita que uma medida é fundamental: a manifestação masculina.
“Eu sempre faço um desafio aos meninos e adultos: se eles já conversaram sobre o que as mulheres da vida deles já sofreram de violência. E é muito normal ninguém nunca ter discutido sobre isso. Quando a gente entende que esse problema é nosso e está na nossa volta, a gente passa a entender que a gente tem de ser parte da solução”, diz o pesquisador de masculinidades Marcelo Correia.