Presidentes de Taiwan e da China se reunirão pela 1ª vez desde guerra civil

O presidente de Taiwan, Ma Ying-jeou, se reunirá pela primeira vez com seu colega chinês, Xi Jinping, no próximo sábado em Cingapura, anunciou nesta terça-feira (3) a Presidência taiwanesa.

Trata-se do primeiro encontro entre líderes de Taiwan e da China desde 1949, quando terminou a guerra civil na China e, após perder contra os comunistas de Mao Tsé Tung, o líder nacionalista Chiang Kai-shek e suas forças fugiram para Taiwan para estabelecer um governo separado do da China. A China ainda considera Taiwan parte de seu território, com reunificação pendente.

Os dois chefes de Estado conversarão sobre suas respectivas posições sobre temas bilaterais, com a intenção de “assegurar a paz”, explicou o porta-voz de Ma, Charles Chen, destacando que não serão assinados acordos, nem haverá declaração conjunta.

A Casa Branca saudou com cautela a notícia do encontro entre os líderes chinês e taiwanês, que é a primeira em mais de meio século.

“Certamente damos as boas vindas aos passos dados pelos dois lados do estreito de Taiwan para tentar reduzir as tensões e melhorar as relações” bilaterais, disse o porta-voz do Executivo americano, Josh Earnest. “Mas temos que ver o que sairá realmente da reunião”, acrescentou.

‘Garantir a paz’
As relações melhoraram desde a chegada ao poder em Taiwan de Ma em 2008. Seu partido, o Kuomitang (KMT), mantém vínculos com Pequim.

Ma deixará o cargo no ano que vem, depois de dois mandatos presidenciais, o máximo que a lei local permite. A principal formação opositora, o Partido Progressivo Democrático (DPP), com uma atitude mais desconfiada com relação à China, é o favorito para vencer nas eleições de janeiro.

O porta-voz do presidente taiwanês informou que o objetivo do encontro é “garantir a paz e manter o status quo do estreito de Taiwan” que separa os dois países. “Não será assinado nenhum acordo, nem será divulgado nenhum comunicado comum”, insistiu.

Um porta-voz do DPP declarou à imprensa local que o partido não fará comentários sobre o encontro até serem conhecidos mais detalhes do mesmo.

O KMT sofreu sua pior derrota em uma eleição local no ano passado. Sua estratégia de aproximação da China teve um papel importante nesta derrota.

Política de aproximação
Esta aproximação propiciou a ida para a ilha de grande número de turistas, mas muitos eleitores consideraram que os que mais se beneficiaram foram as grandes empresas e não a população em geral.

Também tem sido criticada a falta de transparência. Assim, ocorreu no ano passado uma inédita ocupação do Parlamento por estudantes que protestavam contra um tratado comercial, afirmando que tinha sido elaborado em segredo.

No entanto, Ma – cujo partido, ao contrário do DPP, adere ao chamado “consenso de 1992” – defendeu em várias oportunidades sua política de aproximação com a China, afirmando que havia dado estabilidade à região.

Em 1992, foi alcançado um consenso entre as duas partes que estabelecia o conceito de uma “China única”, uma formulação suficientemente equívoca para poder ser interpretada de forma diferente de um lado e do outro do estreito de Taiwan.