O papa Leão XIV chegou à Turquia nesta quinta-feira (27) em sua primeira viagem internacional como líder da Igreja Católica, com a expectativa de que ele faça apelos pela paz no Oriente Médio e peça união entre as igrejas cristãs divididas há muito tempo.
O primeiro papa dos Estados Unidos escolheu a Turquia, país de maioria muçulmana, como seu primeiro destino no exterior para marcar o 1700º aniversário de um histórico concílio da Igreja primitiva que produziu o Credo Niceno, ainda usado pela maioria dos cristãos do mundo hoje.
A viagem será acompanhada de perto, já que ele fará seus primeiros discursos no exterior e visitará locais culturais importantes.
“É uma viagem muito importante porque ainda não sabemos muito sobre as visões geopolíticas de Leo, e esta é a primeira grande oportunidade para ele as esclarecer”, disse Massimo Faggioli, um acadêmico italiano que acompanha o Vaticano, à agência de notícias Reuters.
Viagens de pontífices atraem atenção global
As viagens internacionais tornaram-se parte essencial do papado moderno, com os papas atraindo atenção internacional ao liderarem eventos com multidões que, por vezes, chegam a milhões de pessoas, proferirem discursos sobre política externa e conduzirem diplomacia internacional.
Leão XIV foi eleito em maio pelos cardeais católicos do mundo para suceder o falecido papa Francisco.
Relativamente desconhecido no cenário mundial antes de sua eleição, o atual pontífice passou décadas como missionário no Peru e só se tornou oficial do Vaticano em 2023.
Francisco planejava visitar a Turquia e o Líbano, mas não pôde fazê-lo devido ao agravamento de sua saúde.
Leão, de 70 anos, tinha agendado um encontro com o presidente Tayyip Erdogan e um discurso para líderes políticos na capital turca.
Ele viajará na noite desta quinta-feira (27) para Istambul, cidade natal do patriarca Bartolomeu, líder espiritual dos 260 milhões de cristãos ortodoxos do mundo.
Os cristãos ortodoxos e católicos se separaram no Cisma do Oriente e do Ocidente em 1054, mas, de modo geral, têm buscado estreitar laços nas últimas décadas.
O papa e o patriarca viajarão na sexta-feira (28) para Iznik, cidade a 140 km de Istambul, que antes era chamada de Niceia, onde os primeiros clérigos formularam o Credo Niceno, que estabelece as crenças fundamentais da maioria dos cristãos até hoje.
Em uma mudança em relação à prática normal — os papas geralmente falam italiano em viagens ao exterior — espera-se que Leão XIV fale inglês em seus discursos na Turquia.
Paz será o principal tema da viagem de Leão XIV ao Líbano
Espera-se que a paz seja um tema central da visita do pontífice ao Líbano, que começa no domingo (30).
O Líbano, que tem a maior porcentagem de cristãos no Oriente Médio, foi abalado pelo transbordamento do conflito na Faixa de Gaza, com Israel e o grupo militante xiita libanês Hezbollah entrando em guerra, culminando em uma devastadora ofensiva israelense.
No último domingo (23), Israel matou o principal oficial militar do Hezbollah, apoiado pelo Irã, em um ataque aéreo em um subúrbio ao sul da capital libanesa, Beirute, apesar de um cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos que já durava um ano.
O porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, afirmou na segunda-feira (24) que as precauções de segurança necessárias estavam sendo tomadas para garantir a segurança do papa no Líbano, mas não comentou detalhes específicos.
Líderes libaneses, que abrigam um milhão de refugiados sírios e palestinos e também lutam para se recuperar após anos de crise econômica, temem que Israel intensifique drasticamente seus ataques nos próximos meses e esperam que a visita papal possa atrair a atenção internacional para o país.
