Em pouco mais de duas semanas de governo, é o 1º ministro a se demitir.
Depois de Jucá, Fabiano Silveira foi flagrado com comentários em áudio
18 dias de governo, dois ministros demitidos com intervalo de uma semana. Fabiano Silveira, ministro da Transparência, cargo criado para substituir a CGU (Controladoria-Geral da União). Em conversa com o presidente do Senado, Renan Calheiros, criticou a condução da Operação Lava Jato.
Romero Jucá, no Planejamento foi o ministro anterior. Como Silveira, flagrado em uma gravação feita pelo grampo feito pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, agora colaborador da Lava Jato. Jucá dá a entender que seria necessário um “pacto” para conter a operação. A conversa aconteceu em fevereiro, quando Fabiano integrava o Conselho Nacional de Justiça.
O ex-ministro Fabiano Silveira ligou para o presidente em exercício Michel Temer por volta das 19h30 para pedir demissão. No fim da tarde foi forte o boato de que ele daria uma entrevista coletiva. Mas, segundo pessoas próximas do ex-ministro, ele estava muito abalado psicologicamente e foi desaconselhado pela família e por amigos e se expor dessa forma.
No começo da tarde de segunda (30), Michel Temer avaliou que a gravação divulgada não comprometia Fabiano como gestor público e divulgou que o manteria no cargo, “por enquanto”.
Teve gente que entendeu que era um recado para que Fabiano Silveira tomasse a iniciativa de se demitir. Isso aliviaria, inclusive, uma carga política pesada das costas de Temer: ter que demitir um indicado do presidente do Senado Renan Calheiros e, à noite, Fabiano divulgou a carta de demissão.
Na carta de demissão, Fabiano Silveira afirmou que, pela trajetória dele no serviço público, não esperava ser alvo de especulações que chamou de insólitas. Ele negou haver, nas palavras dele, oposição aos trabalhos do Ministério Público e do Judiciário.
Silveira disse que não foi chamado para nenhuma reunião, que não sabia da presença de Sérgio Machado e que não tem nenhuma relação com o ex-presidente da Transpetro. Ele reitera que jamais intercedeu junto a órgãos públicos em favor de terceiros.
Afirma ainda que a situação em que se viu envolvido involuntariamente poderia trazer reflexos para o cargo de ministro e que, apesar de não existir nada que atinja a conduta, na avaliação dele, decidiu deixar o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle.
No Congresso, parlamentares de vários partidos da base governista e também da oposição cobraram uma ação do governo. Muitos consideraram insustentável manter Silveira no comando da pasta que tem como responsabilidade exatamente frear, descobrir, evitar as fraudes e combater a corrupção. Confira o que eles disseram depois da demissão:
“Bastante previsível pelo que aconteceu hoje durante a manhã e durante a tarde, primeiro teve uma rejeição muito grande dos servidores da CGU à presença dele, né, em relação as gravações e depois em relação a mudanças que se queria fazer na CGU. Eu achei previsível, eu já esperava que isso acontecesse”, diz a senadora Gleisi Hoffmann (PT/PR).
“O desfecho deveria ser mais célere, mais rápido. no momento em que algum assessor, ministro do presidente da República tem alguma denúncia, problema de ordem pessoal, o governo não tem que arcar com isso, ele tem que se afastado imediatamente. Mas, só que neste momento, o grande ativo que tem este governo é a confiança da população brasileira que as coisas vão mudar, que terá apoio o processo da Lava Jato e, como tal, não poderá ficar ninguém que paire sobre dúvida ou que esteja sob júdice”, afirma o senador Ronaldo Caiado (DEM/GO).