Investigadores portugueses desenvolvem método de extração de compostos bioativos da casca de eucalipto

Investigadores da Universidade de Aveiro criam método de extração de compostos bioativos da casca do eucalipto que poderá ser usado à escala industrial. O método já está a ser negociado com uma empresa espanhola

uma equipa de cientistas do Departamento de Química, da Universidade de Aveiro (UA) conseguiu identificar pela primeira vez uma classe de compostos na casca do eucalipto, denominada de ácidos triterpénicos, os quais têm prioridades bioativas. 

Vários estudos demonstraram já alguns dos benefícios destes compostos a nível farmacológico, nomeadamente, dos ácidos ursólico, oleanólico e betulínico. Armando Silvestre, um dos investigadores envolvido no projeto, citado em comunicado da UA, explica que o ácido ursólico e o ácido oleanólico «podem ser aplicados como antimicrobianos, antitumorais e hepatoprotetores (protegem as células hepáticas de agentes tóxicos)», enquanto o ácido betulínico apresenta ação como «agente anti malária e anti Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH)». 

Dado o potencial destes compostos ao nível da nutrição humana e animal e das indústrias farmacêutica e cosmética, os investigadores trabalharam no desenvolvimento de um método de extração destes compostos a partir da casca do eucalipto que pudesse vir a ser eficiente à escala industrial. 

Agora, os cientistas da UA anunciam ter conseguido desenvolver o método de extração e purificação destes ácidos, o qual foi já patenteado, o qual se baseia em processos de separação típicos da engenharia química e não exigem solventes. 

Carlos Manuel Silva, investigador envolvido no estudo, afirma que o novo método «é comprovadamente simples, rápido e eficaz» e garante que «para além do conhecimento científico que o suporta, existem garantias tecnológicas para uma implementação futura». 

Através deste novo método, os investigadores revelam que a partir de 100 quilogramas de biomassa de eucalipto são capazes de extrair um quilograma de extrato bioativo, a partir do qual se obtêm os ácidos triterpénicos. 

Os investigadores da Universidade de Aveiro revelam ainda que existe já uma empresa espanhola interessada no método de extração de ácidos triterpénicos derivados da biomassa de eucalipto. 

«Estamos presentemente em negociações e testes mais avançados, tendo em vista uma adaptação industrial do nosso processo e o uso dos nossos extratos como nutracêuticos (produto nutricional com valor terapêutico) em alimentação animal, para que 2015 possa ser um ano conclusivo no que à implementação industrial deste processo diz respeito», afirma Carlos Manuel Silva.