A General Motors (GM), dona da Chevrolet, negocia a redução do piso salarial, fim da estabilidade de emprego para lesionados e liberação da terceirização em todos os setores no plano de reestruturação da empresa em São José dos Campos (SP). A pauta de exigências foi apresentada aos trabalhadores nesta quarta-feira (23) em assembleia na fábrica na cidade.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, a pauta apresentada pela GM conta com 28 itens e marca o início das negociações. A entidade e empresa terão novas reuniões para fecharem uma proposta de acordo aos trabalhadores.
Entre os pedidos estão a redução do piso salarial de R$ 2,3 mil para R$ 1,6 mil. A empresa ainda quer tirar a estabilidade de emprego dos trabalhadores com lesão ocupacional ou acidente de trabalho – em São José dos Campos são 1,3 mil funcionários nesta situação.
A GM também quer a mudança no sistema de banco de horas, flexibilização da jornada de trabalho – com a implantação da categoria 12×36 – e abertura para terceirização para todos os setores.
De acordo com o vice-presidente do sindicato da categoria em São José dos Campos, Renato Almeida, as propostas trazem uma carga pesada para os trabalhadores, incluindo perda de direitos trabalhistas e estabilidade.
“Nós não sabemos qual a contrapartida dessas propostas, não sabemos o que vamos receber de investimento em produção ou aporte. O que queremos como sindicato é manter o direito do trabalhador e garantir a estabilidade de emprego. Queremos manter isso e saber claramente quais as intenções dela na planta antes de aceitar qualquer exigência”, informou.
De acordo com a entidade, a assembleia na planta de São José dos Campos para o primeiro turno foi apenas para apresentar as propostas e devem acontecer novas assembleias nos próximos turnos.
A empresa e a entidade devem se reunir novamente nesta quarta-feira (23) às 14h. A estimativa do sindicato é de que a decisão final sobre a reestruturação aconteça em 20 dias, quando uma proposta deve ser apresentada aos trabalhadores para votação.
A GM foi procurada, por meio da assessoria de imprensa, mas não quis comentar o assunto. Na terça, a empresa havia informado que não iria se manifestar sobre a reunião.
Mudanças também em São Caetano
Também nesta quarta-feira (23) a GM realizou uma reunião com o sindicato dos metalúrgicos de São Caetano. De acordo com o presidente do sindicato, Aparecido Inácio da Silva, a empresa apresentou um plano de reestruturação para a unidade do ABC Paulista.
“Já era esperado [o plano de reestruturação]. Nos apresentaram uma pauta com coisas complexas. Vamos ter que fazer ponderações e talvez já dizer não para algumas”.
O presidente do sindicato ainda afirmou que as exigências para São Caetano são diferentes daquelas feitas para a fábrica de São José. No entanto, Cidão, como é conhecido, afirmou que só daria detalhes do conteúdo do plano após a assembleia com os trabalhadores.
Em São Caetano, elas acontecerão na próxima segunda-feira (28), no primeiro dia de produção após as férias coletivas, às 6h e às 15h.
Reestruturação
A pauta foi entregue pela empresa depois do anúncio de que a montadora passa por um período crítico e que precisaria de uma reestruturação. No exterior, o plano de reestruturação da empresa propôs o encerramento das atividades em cinco plantas na América do Norte e demissão de mais de 14 mil trabalhadores.
Apesar do tom do anúncio da empresa no Brasil, o fechamento de fábricas foi descartado. No país, a presidência da GM afirmou que “não vai continuar empregando capital para perder dinheiro” e apresentou as medidas como contrapartida para investimentos.
Foto: SindMetalSJC/Divulgação