O ex-presidente Evo Morales anunciou neste domingo (24) sua candidatura à presidência da Bolívia nas eleições de 2025, em meio à crescente tensão com o governo de seu ex-parceiro político, Luis Arce.
“Decidimos aceitar os pedidos de nossa militância e de tantas irmãs e irmãos […] para ser candidato à presidência de nossa querida Bolívia”, disse Morales em suas redes sociais. O ex-presidente disse que está tomando esta medida “obrigado pelos ataques do governo”, que acusa de atentar “fisicamente” contra a sua vida.
Morales, que esteve a frente do país entre 2006 e 2019, é o primeiro político boliviano a anunciar sua intenção de concorrer à presidência do país em 2025.
Entretanto, seu partido, o governista Movimento ao Socialismo (MAS), tem marcado para a próxima semana um congresso para formar uma comissão que organize, para dezembro ou janeiro, eleições primárias para eleger os candidatos à presidência e vice-presidência.
Morales e a cúpula do partido mantêm trocas de acusações constantes com integrantes da administração de Arce. Nos últimos meses, o ex-presidente acusou os ministros de Governo, Eduardo del Castillo, e Justiça, Iván Lima, de liderarem ações políticas contra ele e de tentarem envolvê-lo em casos de corrupção.
A disputa interna na situação tem como pano de fundo quem finalmente será o candidato do MAS: Morales ou Arce. O atual presidente, no poder desde novembro de 2020, disse que o tema de sua reeleição ainda não está na agenda.
Na Bolívia, há discussões sobre a possibilidade de Morales concorrer nas eleições. A Constituição diz que o mandato presidencial é de cinco anos e que pode haver reeleição uma só vez de forma contínua.
O ministro Lima assinalou que o Tribunal Constitucional deve decidir se pode haver uma única reeleição ou, como interpreta Morales, se é permitido a um ex-chefe de Estado uma nova candidatura após o transcurso de apenas um mandato presidencial.
Morales fugiu para o México em novembro de 2011 após renunciar ao cargo de presidente sob pressão das Forças Armadas bolivianas. Depois de um governo interino de 11 meses, Arce, até então parceiro político de Morales, venceu as eleições em 2020, abrindo caminho para o ex-presidente voltar para casa.