Demitidos da LG cobram definição de suspensão dos cortes em Taubaté, SP

Após a suspensão das demissões na LG em Taubaté (SP), os trabalhadores dispensados pela empresa reclamam que estão há mais de um mês sem salário e impedidos de procurar um novo emprego. Isso porque com a determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) as homologações estão suspensas e, consequentemente, o acesso dos funcionários a benefícios como seguro desemprego e liberação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) bloqueado.

A LG apresentou na última semana a documentação financeira complementar pedida pelo TRT. As informações financeiras da planta, que são sigilosas, estão disponíveis desde esta terça-feira (12) à direção do Sindicato dos Metalúrgicos, que representa os trabalhadores. A entidade tem prazo de dez dias para analisar os dados e propor alternativas para reverter as demissões. Não há prazo para o caso ser julgado.

Para uma funcionária demitida, que preferiu não ser identificada, a indefinição sobre o futuro dos trabalhadores preocupa. “A última vez que eu recebi foi na semana da demissão e eu sequer sei o que foi pago. Acho que o processo precisava ser mais claro. Agora estou em busca de um nova oportunidade de emprego, mas se eu for chamada não poderei assumir porque o processo de suspensão das demissões não foi concluído”, afirmou.

Situação semelhante é a da trabalhadora demitida Cleonice de Aguiar Batista. “Eu fui fazer uma entrevista, mas me disseram que eu não poderia conseguir nada enquanto estivesse nessa situação. Nem currículo eu estou entregando”, afirmou.

Sobre as contas, Cleonice disse estar com dificuldades para manter os compromissos em dia. “Tem conta que fica para trás. O IPVA mesmo eu não sei como vou fazer. Meu marido está trabalhando, mas eu ajudava em casa”, contou.

Pagamento
A LG informou, por meio de nota, que pagou as verbas rescisórias de todos os funcionários desligados em dezembro, incluindo o aviso prévio indenizado, que representa no mínimo um mês de salário. Como os funcionários não retornaram aos postos de trabalho, a Justiça não prevê o pagamento de salários aos desligados.

A empresa voltou a defender que não há alternativas viáveis para a readmissão dos trabalhadores. “Os dados apresentados pela empresa ao TRT comprovam o impacto da crise econômica nos negócios. A crise que assola o país provocou uma forte queda nas vendas de produtos eletroeletrônicos. Diante de uma redução na sua produção de 75%, a LG foi obrigada a realizar o desligamento de aproximadamente 25% do efetivo da fábrica de Taubaté”, diz trecho da nota.

Mesmo antes de concluir a análise dos documentos financeiros da multinacional, o Sindicato dos Metalúrgicos vem contestando a afirmação. Segundo a entidade, deve ser proposto no tribunal a adoção do Programa de Proteção ao Emprego (PPE) – que prevê redução de jornada de trabalho e salários. “Isso é algo que estamos propondo desde antes das demissões, mas a empresa não quis negociar”, disse Hernani Lobato, presidente do sindicato em Taubaté.

Tribunal
Após analisar os documentos e sugerir medidas para a readmissão do grupo, as propostas serão emcaminhadas ao relator do processo no TRT, o desembargador Samuel Hugo Lima, e depois submetidas à assessoria econômica da sessão de dissídios coletivos do tribunal. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, todo o processo será feito em caráter de urgência.