Cielo faz índice, mas definição só sai na final: “Vou vir com sangue nos olhos”

Quando Cesar Cielo se alinhou à beira da piscina, na quarta raia, o Estádio Aquático do Parque Olímpico ficou em completo silêncio. O clima era de tensão e suspense. Os adversários, que nadaram na bateria anterior, se perfilaram no canto para ver a prova mais esperada do Troféu Maria Lenk. O campeão olímpico repetiu seus gestos naturais: bateu nos peitos, nos braços e respirou fundo. O ritual voltou a dar certo. O tempo de 21s99 que apareceu no placar, melhor no geral e índice para os Jogos do Rio, fez o nadador do Minas respirar aliviado. Mas não tanto quanto gostaria. A vaga nos 50m livre, por enquanto, é dele, ultrapassando Ítalo Manzine, que não conseguiu melhorar os seus 22s08 nesta manhã. Cesão, no entanto, precisa confirmar sua classificação na final desta quarta. Bruno Fratus segue com a melhor marca, 21s50, garantida na primeira seletiva, no Brasileiro/Open, em dezembro do ano passado. A decisão, que está marcada para 17h, terá transmissão ao vivo do SporTV e tempo real do GloboEsporte.com.

– Sinceramente, não gostei. De manhã, está difícil para prender o ar. Sofri bastante para manter a eficiência e brigar com o pulmão. Ao mesmo tempo, é muito cedo para exigir do corpo. Mas à tarde tem mais. Tempo tem que ser mais baixo. Tenho a melhorar nos últimos dez metros. Espero que consiga melhorar. Hoje cedo a gente fica forçando a cabeça para ter uma boa reação, para deixar o corpo acordado. Hoje à tarde a gente vem com tudo, vem com todas as armas que a gente tem. Acordar da sonequinha pós almoço e vir com sangue nos olhos para cá – afirmou.

Cielo chegou ao Troféu Maria Lenk, última seletiva olímpica, com a pressão de nadar abaixo dos 22s08 de Ítalo Manzine e roubar a segunda vaga dos 50m livre. A missão não parecia tão simples para quem não conseguia nadar na casa de 21s há um ano. O campeão olímpico de Pequim 2008 e recordista mundial, no entanto, suportou a pressão e fez o que precisava nesta manhã, liderando as eliminatórias com 21s99, a sétima melhor marca do mundo em 2016. Já Manzine, que avançou à final em segundo lugar, não melhorou seu tempo, chegando em 22s18. Mesmo temporariamente classificado, Cielo não ficou 100% satisfeito.

–  Ainda não tiro o peso das costas não, porque acho que é um tempo que não garante nada. Vou voltar hoje à tarde com a cabeça de que o trabalho ainda tem que ser feito, tem que ser confirmado. Eu não fiz o tempo que queria. Por enquanto, é a segunda vaga, mas eu tenho um tempo melhor dentro de mim. Semana passada a gente fez um tiro no treino e foi um pouquinho melhor do que isso. Então, preciso nadar um pouco mais rápido do que nadei hoje cedo.