Depois de ficar três anos no grupo de acesso, a Viradouro abriu a primeira noite de desfiles do Carnaval carioca com atraso de cerca de 30 minutos, causado pela forte chuva que caiu na Sapucaí.
A escola de Niterói entrou na avenida enfrentando o temporal, que caiu no Rio de Janeiro desde a abertura dos portões do Sambódromo. Segundo o Centro de Operações da Prefeitura, o Rio entrou em estado de atenção às 18h “devido à atuação de áreas de instabilidade, por conta do calor e da alta umidade do ar”.
Na concentração, integrantes da escola gritavam “Não vamos desanimar!”. Raíssa Machado, Rainha da Bateria, chorava de emoção. “Estou muito emocionada por meu filho estar aqui. Essa chuva não vai tirar jamais o brilho da Viradouro”, disse ela, que deu à luz recentemente. A cantora Paula Lima também comentou a chuva na concentração. “Estou muito emocionada. Poderia estar melhor, por causa da chuva, mas tudo vai estar lindo”, disse ela.
O ator Lázaro Ramos fez um discurso inflamado sobre o tema escolhido pela escola antes do início do desfile. “A Viradouro traz um sonho de um país mais justo onde negros e brancos convivem em harmonia”, discursou o ator. Ele ainda citou líderes negros como Martin Luther King Jr, Zumbi dos Palmares, além do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa.
A escola entrou na avenida às 21h53 e acabou sendo prejudicada por problemas no sistema de som do Sambódromo, que cortou o áudio quatro vezes. Nesses momentos, a Viradouro seguiu com o desfile apoiada no canto à capela dos integrantes e no som da bateria. De acordo com a Liga das Escolas de Samba (Liesa), o atraso para o início do desfile foi consensual e ocorreu por causa da chuva e dos raios. A escola não será penalizada.
Um enorme baobá, árvore africana que simboliza a igualdade, vinha representado no tripé da comissão de frente, que trazia a atriz Juliana Paes como destaque. Cercada de seguranças e ensopada, Juliana Paes chegou à dispersão muito emocionada. “A homenagem deste ano foi muito especial. Teve um gostinho especial. Estou muito feliz.”
A chuva prejudicou as fantasias da escola e também o último carro alegórico, que trazia um enorme boneco cujo braço caiu. Fora isso, penas brancas que enfeitavam uma ala inteira ficaram destruídas pelo temporal. Sérgio Lobato, coreógrafo da Viradouro, admitiu que o temporal atrapalhou a escola. “A chuva atrapalhou demais. Vamos ver se os jurados vão passar algum detalhe”, disse ele, que também comentou os problemas no som. “O som atrapalhou, sim. Mas a plateia deu uma moral!”
O samba-enredo da Viradouro neste ano, “Nas Veias do Brasil, É a Viradouro em um Dia de Graça!”, foi feito com base nas músicas “Nas Veias do Brasil” e “Por um Dia de Graça”, do compositor Luiz Carlos da Vila, que morreu em 2008, aos 59 anos, de câncer. Ele narra a trajetória do negro no Brasil.
