Faltando um dia para o início da Copa do Mundo 2014 no Brasil, apenas 50,6% das obras de mobilidade e de aeroportos das cidades-sede foram entregues, segundo levantamento. Dos 44 projetos inaugurados, 14 têm pendências e obras incompletas por causa de atrasos e cancelamentos.
Das 74 ações de mobilidade e 13 obras em aeroportos, 33 foram descartadas para a Copa e devem ficar prontas somente depois da competição. A inauguração de outras dez deve acontecer até a quinta-feira (12) ou durante os jogos, segundo os gestores.
Entre as justificativas apontadas pelos gestores para o atraso ou cancelamento das obras estão burocracia, imprevistos, disputas judiciais sobre desapropriações, modificação nos projetos, problemas com as empresas contratadas, entre outros.
No Rio Grande do Sul, de 11 obras, nove devem ser entregues apenas depois da Copa. Em dezembro de 2013, a Prefeitura de Porto Alegre já havia admitido que a maioria dos projetos será entregue somente após o Mundial. Agora, o Executivo diz estar concentrado nas obras do entorno do Estádio Beira-Rio, cuja finalização está prevista para o próximo domingo (15), durante a competição.
Em Mato Grosso, das dez obras previstas em Cuiabá, sete também devem ser concluídas apenas depois da Copa. Entre elas, está a ampliação do Aeroporto Internacional Marechal Rondon, que sofreu atrasos por causa de adequações ao projeto. A obra deve ser concluída em agosto.
Já no Rio, três das quatro obras previstas foram entregues — sendo duas incompletas. A Estação Multimodal, única não entregue, deve ser inaugurada no domingo.
Veja na tabela no final do texto a situação das obras prometidas para a Copa em cada uma das cidades-sede.
Verbas federais e falhas nos projetos:
De acordo com o Ministério das Cidades, desde 2007, o Governo Federal destinou R$ 143 bilhões para investimentos em mobilidade, sendo que R$ 102 bilhões são para obras nas cidades-sede. A responsabilidade da execução das obras é dos governo estaduais e municipais.
“Todas as obras previstas inicialmente continuam com recursos de financiamento público com juros subsidiados disponíveis e serão concluídas conforme cronograma de execução. Até o momento, oito obras de mobilidade urbana já estão concluídas e 18 empreendimentos estão em operação. O restante das obras de mobilidade urbana está em execução pelos governos estaduais e municipais e serão entregues na medida em que forem concluídas por parte das cidades-sede”, informou a pasta, sem dar detalhes sobre as obras.
O ministério aponta como uma das principais dificuldades para o andamento das obras a fragilidade ou a falta de projetos de qualidade. “No desenvolvimento dos projetos básicos, o Governo Federal observou necessidade de readequações, seja pela necessidade de redução do número de desapropriações/reassentamentos, por questões ambientais ou de engenharia.”
Sobre as desapropriações e conflitos de habitação, um dos principais motivos dos atrasos e bandeira de protestos realizados pelo país contra a realização da Copa, o ministério informou que “cada cidade deve realizar equilíbrio entre as soluções para o transporte coletivo e as demandas habitacionais”.
Aeroportos:
Dos 13 aeroportos das cidades-sede (incluindo o de Viracopos, em Campinas, que é acesso para São Paulo), nove foram entregues, de acordo com o levantamento. Destes, quatro ainda têm pendências e obras inacabadas.
De acordo com o secretário executivo da Secretaria de Aviação Civil, Guilherme Ramalho, a pasta está “satisfeita e otimista” com o andamento das obras. Segundo ele, considerando todos os aeroportos que atendem as capitais brasileiras, foram investidos R$ 11,3 bilhões entre 2011 e 2014. Foram construídos 1,4 milhão de m² de novos pátios, e a área de terminal dobrou.
Ramalho ressaltou que o setor, que está com um crescimento médio de 10% ao ano, deve continuar em obras pelos próximos dez anos. “A Copa funcionou como um catalisador, mas não fizemos investimento para ela, tanto que temos obras que vão continuar depois. Não faz sentido fazer aeroporto só para a Copa, não é como estádio”, diz.
Entre os aeroportos das cidades-sede, o caso mais emblemático é o de Fortaleza, cujo contrato de obra foi rescindido. Um terminal provisório remoto apelidado de ”puxadinho” vai ser usado como uma das áreas de embarque durante a Copa. A estrutura custou R$ 1,79 milhão.
Apesar dos atrasos, Ramalho afirma que Fortaleza está preparada para receber os turistas na Copa, assim como as outras capitais. “Quanto tem um conjunto de obras desse tamanho, há dificuldades. Às vezes dá azar. Em Fortaleza aconteceu isso. Suprimimos a obra do terminal, que deu problema com a empresa contratada, com uma estrutura provisória.”
Além disso, o projeto de Fortaleza foi contratado com o prazo de entrega para 2017, segundo o secretário executivo. “O que se previa é que tivesse uma entrega parcial, de 25%, em junho de 2014. Não foi entregue, mas a parte de pátio foi concluída, o que aumentou a capacidade”, diz Ramalho.