No fim, a transferência do clássico Vasco x Flamengo para a Arena Pantanal teve serventia: poupou o Maracanã de receber um jogo muito pobre tecnicamente, indigno da tradição dos dois rivais históricos, e reflexo fiel da situação de ambos, estacionados na zona de rebaixamento do Brasileiro. Neste contexto, nada mais natural que a vitória tenha sido do time que conseguiu criar a única boa jogada da partida: 1 a 0 Vasco, na estreia do técnico Celso Roth. O primeiro triunfo na competição levou o clube à 18ª posição, com seis pontos, um a menos que o rubro-negro, o 17º.
Mesmo com cerca de 70% de posse de bola, o Flamengo se viu refém da falta de criatividade de um meio-campo formado apenas por volantes. E quando resolveu atacar, não mostrou qualquer organização ofensiva. Já o Vasco só tem a comemorar o primeiro resultado positivo, que pode trazer tranquilidade para o time iniciar uma reação no campeonato.
Em um primeiro tempo recheado de erros dos dois lados, não foi surpresa que a primeira emoção tenha vindo de uma bola perdida infantilmente por Christianno, aos cinco minutos, que Éverton não soube aproveitar, e acabou desarmado pelo próprio lateral vascaíno antes de finalizar a gol. O Flamengo devolveu a “gentileza” aos nove: Jonas se atrapalhou e Riascos mandou para fora.
A opção do técnico Cristóvão Borges por três volantes deixou o Flamengo travado no meio-campo, e assim o time se limitava aos chutões para a frente. Contra um rival incapaz de organizar qualquer jogada, o Vasco só precisou estar bem distribuído em campo para anular os ataques rubro-negros no primeiro tempo.
Com a bola nos pés, o time de São Januário nem foi muito melhor, mas bastou uma boa trama para conseguiu abrir o placar. Aos 15, Madson passou com facilidade por Anderson Pico e cruzou para Riascos, completamente sozinho na área, marcar de peixinho.
Errando tudo que tentava, até os passes mais simples, Anderson Pico passou a ser vaiado pela torcida rubro-negra. Acabou saindo no intervalo, para a entrada de Alan Patrick. Como na derrota para o Atlético-MG, Cristóvão deslocou Éverton para a lateral esquerda para deixar o time mais ofensivo.
A mudança fez o Flamengo, enfim, sair do lugar comum. Aos cinco, saiu o primeiro chute a gol: Canteros, da entrada da área, à esquerda. Emerson arriscou aos sete, por cima. Apostando nos contra-ataques, Celso Roth lançou dois atacantes antes dos 15 minutos: Rafael Silva e Thalles nas vagas de Jhon Clay e Riascos, ambos machucados. Mas, com o time todo recuado, não havia a quem lançar quando a bola era recuperada. Para piorar, Gilberto sentiu dores musculares, e deu lugar ao volante Lucas. Defender seria a única estratégia vascaína até o fim. Do lado rubro-negro, Cristóvão não abriu mão dos três volantes: na última mudança, trocou Éverton, cansado, por Paulinho.
O Flamengo continuou pressionando sem muita organização, e só aos 34 minutos obrigou o goleiro Charles a trabalhar: Wallace rolou na área para o chute de primeira de Alan Patrick, que o camisa 1 vascaíno defendeu para escanteio. Aos 38, Canteros bateu de bico, a bola desviou em Thalles e quase entrou. O Flamengo assustou de novo em cruzamento de Luiz Antônio, que passou pela pequena área sem ninguém para concluir.