As farras de Adriano e seus 35 anos muito bem vividos não são necessariamente os obstáculos à realização do sonho da volta ao futebol em 2018. O tendão de Aquiles, que levou-o duas vezes ao centro cirúrgico, talvez seja o principal adversário do Imperador nessa prometida luta para retomar a carreira após a virada do ano.
Quem faz o alerta é Zico, maior ídolo do Flamengo, um entusiasta da ideia que, em 2015, quando passou pelo futebol indiano, chegou a indicar o atacante para o Goa FC, clube que comandava à época.
– O problema do retorno dele não é a vida que ele leva – ressalta Zico. – E, sim, o problema que ele teve no tendão de Aquiles. Isso dificultou ele no Atlético-PR, nos Estados Unidos (Miami United) e foi problema quando estive para levá-lo lá para o Goa. Agora, se o departamento médico aprovar, se estiver tudo bem, a idade não é problema. Já é uma vantagem ele estar querendo voltar, mas desde que esteja em condições físicas ideais para praticar o futebol.
Adriano sofreu a lesão no calcanhar esquerdo no dia 19 de abril de 2011, quando treinava para estrear pelo Corinthians. Foi operado pelo médico Joaquim Grava. Um ano depois, teve de passar por nova cirurgia pelas mãos de José Luiz Runco, que não vê a lesão como empecilho.
– Ele ficou com o tendão um pouco alongado e, na segunda cirurgia, a gente deu uma encurtada — explica Runco. – Não vejo nenhum problema em relação a essa lesão, mas a dúvida que tenho é se ele vai dar sequência. A volta ao futebol requer um trabalho de fortalecimento muscular e de controle do peso corporal. Ele tem que querer. Caso contrário, as pessoas sempre ficarão em dúvida se o problema é do tendão de Aquiles ou de dedicação mesmo.
Zico torce pelo retorno de Adriano. Tanto que até hoje acredita que o atacante tinha vaga na Copa de 2014, disputada no Brasil.
– Eu acho essa decisão de ele querer voltar a jogar futebol louvável, importante, porque ele desperdiçou muito tempo em relação a tudo aquilo que poderia render. Sempre disse que, se estivesse em forma, ele seria o grande 9 da seleção brasileira em 2014 – destaca Zico, empolgado com a possibilidade.
Tratamento mal feito
A ruptura do tendão de Aquiles, que Adriano sofreu em 2011, é mais comum em praticantes de esportes de alto impacto e — com exceção das lesões na coluna vertebral ou na cabeça, que colocam em risco muio mais do que uma carreira — está entre as mais temidas pelos atletas profissionais. É consenso entre os especialistas que, ainda que as fraturas ósseas espantem mais o público leigo, a recuperação de uma lesão como a do Imperador é ainda mais complexa.
E tudo fica mais complicado se o atleta não respeita as etapas de reabilitação, principalmente no início do tratamento. Mês passado, no programa “Conversa com Bial”, da TV Globo, o jornalista perguntou a Adriano se ele tinha algum arrependimento na carreira. Ele falou sobre sua reabilitação.
— Eu me arrependo de faltar a fisioterapias no Corinthians, na época. Foi meu primeiro treino no campo e meu tendão de Aquiles arrebentou. Eu queria até desistir, queria voltar (ao Rio). Aí ficar sete meses naquilo (na recuperação), aí querendo ou não você acaba pensando, acaba desistindo um pouco. Então foi isso, eu acabei desanimando — declarou.