Apesar da economia mensal que se avizinha, aiminente venda de Barcos ao futebol chinêsnão implicará um relaxamento da cruzada do Grêmio contra os gastos no futebol. De acordo com os cálculos da direção do clube gaúcho, o alívio na folha salarial sem o argentino ainda é insuficiente para se chegar ao teto ideal, que visava diminuir em até 40% os custos com o atletas por mês.
O desafogo definitivo ainda passa pela negociação dos atletas que treinam separado dos demais no CT Luiz Carvalho. Três situações principais impedem uma maior saúde financeira do clube. São os jogadores mais conhecidos que integram o grupo dos “indesejados”: o atacante Kleber e os volantes Adriano e Edinho.
A ideia é alcançar um corte de R$ 3,5 milhões ainda no primeiro semestre – a economia atual bate na casa dos R$ 2 milhões, com 11 saídas do elenco principal (veja abaixo), além de fim de vínculos de atletas fora dos planos, como Léo Gago e Marco Antonio. Segundo o presidente Romildo Bolzan Júnior, assim que essas negociações derem certo, o Grêmio pretende divulgar um panorama financeiro do clube.
– Ainda não podemos dizer que chegamos ao nosso objetivo. Precisamos concluir três situações. Quando a gente concluir, vamos passar um espelho para vocês – conta, ao GloboEsporte.com.
O Grêmio ainda não encontrou destinos para o trio de negociáveis. Adriano e Edinho precisam de propostas oficiais – por ora, surgiram apenas sondagens. Ambos têm contratos relativamente extensos – fevereiro de 2016 e dezembro de 2015, respectivamente – e não pretendem rescindir seus vínculos. Kleber também não se mostra inclinado a arcar com rescisão. Seu contrato repleto de “particularidades” tem travado o surgimento de interessados.
Aos poucos, o Grêmio começa a desatar esse complicado nó. Está, por exemplo, acertado com o Cruzeiro sobre formato e valores de uma eventual venda – a Raposa detém metade dos direitos econômicos do Gladiador. Por enquanto, segundo o empresário Giuseppe Dioguardi, Kleber segue à risca o cronograma de treinamentos à parte, sem pressa de definir o futuro, uma vez que tem contrato com o Tricolor até fim de 2016.
A venda de Barcos resultará em US$ 3 milhões (R$ 8 milhões) ao Grêmio. No entanto, precisará repassar 15% ao Palmeiras e mais US$ 1 milhão ao próprio jogador, por meses de direitos de imagem atrasados. Não está descartado usar o restante do valor para acelerar uma composição para o repasse de Kleber, que onera os cofres do clube com vencimentos na casa dos R$ 600 mil. Barcos ganhava R$ 750 mil mensais, entre salário e direitos de imagem.
De acordo com uma fonte diretamente ligada à negociação, a proposta feita para o centroavante era irrecusável. Ele receberá cerca de US$ 7 milhões (R$ 18,7 milhões) entre luvas e salários em um contrato de dois anos, o que representa o dobro do que ele receberia do Grêmio no mesmo período. A transação é vista pelo Tricolor, portanto, como um “reconhecimento” aos serviços
– O Grêmio não vai criar obstáculos. Da parte do Grêmio, está ok. Pesamos todos os prós e contras, e o Grêmio acabou aceitando – disse Romildo. – Estamos no zero a zero com o Barcos.
Além de Barcos, o Grêmio já se desfez de 11 jogadores que compunham o grupo principal no ano passado, por contenção de despesas, uma economia superior a R$ 2 milhões. Pará, Bressan, Werley, Saimon, Zé Roberto, Riveros, Alán Ruiz, Dudu, Breno, Maxi Rodríguez e Fernandinho deixaram o Tricolor nesta temporada.
Embora o Tricolor siga pagando os vencimentos de Pará, que agora está no Flamengo, os números foram sacados da conta da folha e passam para o das despesas do clube. São tratados como pagamento de parcelas pela dívida decorrente a contratação de Rodrigo Mendes, em 2000, e que teve desfecho encaminhado no final de 2014. Quatro jogadores foram contratados: Galhardo, Erazo, Douglas e Marcelo Oliveira.