A travesti mais votada para a Câmara Municipal de São Paulo nessas eleições, Amanda Paschoal (PSOL) quer dar continuidade ao legado iniciado pela atual deputada federal Erika Hilton (PSOL).
Paschoal recebeu 108.654 votos, tornando-se a quinta candidata mais bem votada nessas eleições até o final da noite de domingo. Apoiada por Hilton, ela se identifica como ativista LGBTQIA+, ambientalista e educadora popular.
“Eu vou dar continuidade ao legado que a Erika Hilton começou aqui, que é, de forma resumida, combate à fome, defesa da população LGBT, defesa da população em situação de rua, dos direitos humanos, essa é minha pauta principal”, diz ela à Folha neste domingo (6)
Paschoal comentou ainda a posição de Lucas Pavanato (PL) como o candidato que recebeu mais votos na disputa à Câmara, e declara que recebeu a notícia “com preocupação”.
Aos 26 anos de idade, Pavanato teve a terceira candidatura mais bem votada na cidade considerando as últimas três eleições (161 mil votos) e atraiu o eleitorado conservador bradando sobre pautas como a proibição do aborto, o fim da redesignação sexual (cirurgia de mudança de sexo) e a investigação de ONGs que, segundo ele, lucrariam com sofrimentos de dependentes químicos na cracolândia.
Ele defende que mulheres transexuais sejam proibidas de usar o banheiro feminino.
Em seus panfletos, diz ainda que “não existe criança trans” e que pretende proibir hospitais de “esterilizar crianças para redesignação de gênero”. A chamada ideologia de gênero também entrou na mira do candidato.
Paschoal declarou que irá bater de frente com o Pavanato. “Eu vou chegar na Câmara com muita força, tive muito voto também e aprendi com a melhor a enfrentar os LGBTfóbicos e essa extrema-direita pautada no ódio”.
Em publicação nas redes sociais, a deputada Hilton, vereadora entre 2021 e 2023, comemorou a eleição de sua postulante. “Hoje a Câmara Municipal de São Paulo ganha mais uma travesti preparada e alinhada com a nossa agenda e vai poder contar comigo no mandato dela”, afirma.
Além de Paschoal e Pavanato, a cidade de São Paulo teve entre os mais votados a bancária Ana Carolina Oliveira (Podemos)-mãe da menina Isabella Nardoni, morta em 2008 pelo pai e a madrasta-, Murillo Lima (PP), sargento Nantes, da Rota (PP).