A tarifa de 50% anunciada pelo presidente norte-americano, Donald Trump (Partido Republicano), paralisou a exportação de pescados brasileiros para os Estados Unidos. Na 5ª feira (10.jul.2025), quase 60 contêineres estavam parados nos portos brasileiros. Eles estão carregados com cerca de 1.000 toneladas de peixes que teriam os EUA como destino. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Em nota, a Abipesca (Associação Brasileira da Indústria de Pescados) diz que o mercado norte-americano representa 70% das exportações brasileiras de pescados e é responsável pela movimentação de mais de US$ 240 milhões.
Os contêineres estão em portos como Salvador (BA), Pecém (CE) e Suape (PE). À Folha, o presidente da Abipesca, Eduardo Lobo Naslavsky, disse que a decisão de paralisar os embarques partiu dos próprios compradores, “porque ainda não sabem quanto pagarão pelos pescados” por causa das novas tarifas.
O tempo médio de transporte marítimo até os EUA é de 18 a 20 dias. Por isso, os importadores teriam que arcar com as novas tarifas quando a carga chegasse em território norte-americano.
“A depender do valor, eles querem renegociar. Está colocado o impasse”, afirmou Naslavsky.
A Abipesca disse ter “profunda preocupação” com a repercussão das tarifas anunciadas por Trump.
“Essa medida terá um impacto significativo, especialmente no setor de pescados do Brasil, afetando diretamente as atividades industriais de produtos aquícolas e ocasionando perdas significativas para o setor que, diferente de outras proteínas, possui restrições mercadológicas contra as quais a Abipesca vem discutindo diuturnamente nos fóruns específicos”, afirmou.
A associação pediu que o governo brasileiro “adote uma abordagem cautelosa e diplomática” para resolver a questão, “evitando confrontos ou medidas retaliatórias que possam agravar a situação”.
A organização solicitou ainda que a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) priorize a abertura do mercado europeu aos produtos brasileiros.
“A morosidade dessa tratativa, em momentos como este, demonstra a importância de reduzir a dependência de mercados específicos para o pescado brasileiro”, disse.