Erasmo Carlos morreu nesta terça-feira (22), aos 81 anos, após ser internado pela segunda vez no Hospital Barra D’Or, no Rio de Janeiro. A causa da morte ainda não foi confirmada pela família. No final de outubro, Erasmo deu entrada no hospital para fazer exames e tratar de uma síndrome edemigênica, caracterizada por excesso de líquido no organismo.
A doença causa um desequilíbrio na quantidade de água que circula pelo corpo, provocando um aumento no volume de fluidos que ficam do lado de fora dos vasos sanguíneos.
“A água no nosso corpo tem que ficar em compartimentos, como se fossem casinhas. A gente tem água nas células, nos vasos e em um espaço que não fica nem nas células, nem nos vasos. A síndrome edemigênica acontece quando há excesso de volume de água nesse terceiro espaço, chamado também de intersticial, o que causa um edema”, explicou Raoni Imada Tibiriçá, médico intensivista do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Edemas podem ser generalizados (em todo o corpo) ou aparecerem em apenas uma parte – as mais comuns são pernas e braços, que ficam inchados por causa da retenção de líquidos nessas regiões.
“Quando você começa a acumular muito líquido, há uma disfunção de órgãos. Geralmente o primeiro a ser afetado é o pulmão. É como você tivesse se afogando. Você não consegue fazer a troca de gases adequada e fica com um desconforto respiratório. Nesses casos, o paciente pode necessitar de ventilação mecânica“, completou Tibiriçá.
“O nosso organismo é 70% composto por água. Essa síndrome que o Erasmo teve é caracterizada pela perda de um equilíbrio das forças que determinam onde a água tem que ficar dentro do organismo. É um desequilíbrio na pressão hidrostática do corpo“, afirmou a médica Andrea Pio de Abreu, diretora da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN).
A síndrome edemigênica surge a partir do mal funcionamento de órgãos. “Ela pode ser causada por problemas renais, cardíacos ou até hepáticos”, disse Andrea, que é especialista em doenças do sistema urinário.
De acordo com o intensivista Raoni Imada Tibiriçá, o tratamento consiste em tirar o excesso de volume de água do corpo com o uso de medicamentos diuréticos. A causa que provocou a síndrome também precisa ser diagnosticada e tratada.