A falta de previsão de chuvas para esta semana pode comprometer ainda mais o nível do reservatório do Sistema Cantareira, que praticamente esgotou a primeira cota da sua reserva estratégica. O Cantareira, que é responsável pelo abastecimento de 6,5 milhões de pessoas no estado de São Paulo, está com o chamado volume morto 1 praticamente exaurido. O reservatório tem 186 bilhões de litros de água.
“Outubro é um mês naturalmente de início das águas. Só que até agora, já no meio do mês, não aconteceu nada. E não existe perspectiva de chuvas, pelo menos com grau de probabilidade alto, até o final desta semana”, citou o professor do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Hilton Oliveira Pinto.
A situação crítica da escassez de chuvas no estado fez com que a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) enviasse um pedido ao Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daae) e à Agência Nacional de Águas (ANA) para usar a segunda cota do volume morto do sistema. Essa reserva tem 106 bilhões de litros de água.
Volume morto “Esse volume morto (tanto o 1 como o 2) é um resultado positivo do sistema, da época em que foi construído. Ou seja, o fundo do reservatório ficou como reserva porque as tubulações na interligação estiveram acima disso. As tubulações são o limite do volume útil. E o que ficou abaixo é o volume estratégico”, explicou o secretário-executivo do Consórcio PCJ (Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí), Francisco Lahóz.
Entretanto, na última semana, a Justiça Federalaceitou o pedido dos ministérios públicos Federal e Estadual de Piracicaba (SP) e concedeu uma liminar para proibir a captação da segunda cota do volume morto nos reservatórios e assim não prejudicar as reservas hídricas.
Nascentes secas Problema judicial à parte, o fato é que a situação tende a piorar na região de Piracicaba e Campinas (SP), de acordo com Lahóz. É que quatro das cinco represas que formam o sistema estão dentro da bacia PCJ. Os rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí abastecem várias cidades da região.
“Mais de 80% das nossas nascentes secaram. Mas algumas ainda funcionam. Então, sem o volume morto, ele (sistema) ficaria com o fio d’água, ou seja, o pouco que essas nascentes possam contribuir”, ressaltou.
Sabesp e ANA Após a decisão judicial, a Sabesp anunciou que vai reduzir a retirada de 19,7 metros cúbicos por segundo para 19 metros m3/s no Cantereira. A partir de novembro, quando é esperado aumento no índice pluviométrico, a redução seria de 18,5 m3/s.