Matriculada no curso de gestão de turismo no Instituto Federal de São Paulo (IFSP) em Campos do Jordão, Suzane von Richtofen perdeu o semestre por faltas. De acordo com o regulamento da instituição, são considerados desistentes os aprovados que não fizerem matrícula ou que não frequentarem os dez primeiros dias de aulas, sem apresentação de justificativa – o que ela também não fez.
Condenada a 39 anos pela morte dos pais, ela foi aprovada para o curso com a nota do Enem e fez a matrícula por meio de procuração. Assim que a aprovação dela foi divulgada, o IFSP informou que aguardava a decisão da Justiça sobre as condições para que ela pudesse participar das aulas. A detenta chegou a solicitar permissão da juíza para frequentar as aulas, mas de acordo com o Tribunal de Justiça, o processo está sob segredo.
Suzane passou para o curso em oitavo lugar, com nota 608,42 no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A prova foi feita dentro da penitenciária em Tremembé, onde cumpre pena.
De acordo o Instituto Federal, o artigo 53 da organização didática diz que “serão considerados desistentes os candidatos aprovados em processo seletivo que não efetuarem a matrícula no prazo, bem como os estudantes matriculados que não frequentarem os 10 (dez) primeiros dias úteis de atividades acadêmicas, sem apresentação de justificativa devidamente comprovada e atestada, a ser analisada pela Coordenadoria Sociopedagógica”.
O prazo foi encerrado na terça-feira (18) e a presa não apresentou justificativa. Sendo assim, foi considerada como desistente. Em nota, a instituição informou ainda que “caso ela seja liberada após os 10 dias úteis, uma justificativa deverá ser analisada, porém, até o momento, não tivemos informações da justiça sobre o caso”.
O curso escolhido por Suzane é presencial, com aulas das 19h às 22h40, e a instituição fica em Campos do Jordão, a 40 quilômetros de distância de onde cumpre pena. De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), ela ainda deveria custear com recursos próprios ou com a indicação de terceiros que constam na lista de visitas os custos para o transporte e estudo.
Autorização
Em 2016, a presa recebeu autorização para cursar uma outra graduação. À época, ela tentava frequentar as aulas do curso de administração em uma universidade particular. Com medo do assédio fora da prisão, ela pediu à Justiça para fazer o curso online, mas por falta de recursos tecnológicos e aparato, teve o pedido negado.
Em 2017, Suzane fez nova tentativa. Ela foi aprovada para o curso de administração em uma instituição católica em Taubaté. Para custear a mensalidade, ela pleiteou o financiamento pelo Fies e foi contemplada. Apesar disso, não concluiu a matrícula.