As famílias das vítimas do voo MH370 da Malaysia Airlines, desaparecido há seis meses sem deixar rastros, recordaram nesta segunda-feira (8) seus entes queridos em meio à indignação pela falta de respostas.
Durante uma cerimônia de oração nesta segunda-feira, em Pequim, trinta parentes denunciaram o que consideram a indiferença das autoridades chinesas e os maus-tratos dos quais alguns se sentiram vítimas.
Dos 239 passageiros e membros da tripulação do Boeing da Malaysia Airlines, 153 eram chineses.
‘Cada dia é uma tortura, mas hoje sofremos ainda mais’, disse, entre lágrimas, uma mulher de 55 anos de nome Zhang, que perdeu sua filha na catástrofe.
A celebração da oração coincide com a Festa das Lanternas, um momento importante na vida familiar na China.
Policiais à paisana vigiavam a pequena cerimônia no templo dos Lamas, um lugar importante do budismo tibetano da capital, onde uma multidão de turistas e peregrinos fazia oferendas com incensos e flores.
Segundo vários testemunhos, parentes dos passageiros foram detidos e espancados no verão, entre eles dois menores de seis e quatro anos, após uma manifestação em frente ao escritório da Malaysia Airlines em Pequim.
‘Não entendemos. Somos simplesmente cidadãos comuns’, criticou nesta segunda-feira Dai Shuqin, um trabalhador de 61 anos cuja irmã e sua família viajavam no voo MH370. ‘Alguns queriam se suicidar, subir em um edifício e pular’.
Na Malásia, Selamat Umar, de 60 anos, cujo filho Mohamad Jairul Amri estava no avião, participou no domingo com uma centena de familiares das vítimas de uma cerimônia na qual pediu a ‘Alá que proteja seu filho e o devolva’.
‘Parte o meu coração que continuemos sem ter informações sobre o paradeiro do MH370. Meu espírito não está tranquilo’, confessou.
O voo MH370 entre Kuala Lumpur e Pequim desapareceu no dia 8 de março. Pouco depois de decolar, o avião mudou radicalmente de rota, girando a oeste e depois ao sul, em direção ao oceano Índico, onde teria caído por falta de combustível.
Nova busca
Sua trajetória foi reconstruída graças aos satélites, mas não se sabe onde caiu e até agora nenhum rastro foi encontrado, apesar das buscas aéreas e submarinas realizadas na costa ocidental da Austrália.
Canberra, que dirige as operações de busca, anunciou na sexta-feira que materiais duros como o metal foram identificados no fundo do oceano Índico, na suposta trajetória da aeronave, mas, ao que parece, são apenas minerais.
A busca com a ajuda de sonares tem por objetivo preparar o terreno da próxima fase das buscas submarinas, que devem ser retomadas ainda neste mês. Um perímetro de 60.000 quilômetros quadrados foi delimitado.
O primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, esteve neste fim de semana em Kuala Lumpur para se reunir com seus interlocutores malaios, e informou que a nova fase de exploração começará em duas semanas.
São analisadas várias hipóteses para explicar o desaparecimento do voo MH370, desde um surto de loucura do piloto ou do co-piloto até um acidente mecânico.
A explicação mais plausível, segundo os responsáveis encarregados da investigação, é uma queda súbita do nível de oxigênio na aeronave que deixou a tripulação e os passageiros inconscientes. O avião teria seguido voando em piloto automático até cair no mar, por falta de combustível.
No dia 17 de julho, outro Boeing da Malaysia Airlines, que voava de Amsterdã a Kuala Lumpur, explodiu em pleno voo, abatido, ao que parece, por um míssil quando sobrevoava o espaço aéreo da Ucrânia com 298 pessoas a bordo, 193 delas holandesas.