O secretário de Proteção ao Cidadão de São José dos Campos, Antero Alves Baraldo, pediu exoneração nesta terça-feira (14) após um guarda municipal prestar queixa de assédio sexual contra ele. O boletim de ocorrência foi registrado na última semana e a denúncia vai ser investigada pela Polícia Civil.
O secretário foi procurado por telefone pela reportagem, mas não atendeu as ligações. A prefeitura instaurou processo interno para averiguar a acusação.
A prefeitura divulgou nesta tarde a carta de exoneração enviada pelo secretário ao prefeito Felício Ramuth (PSDB). Nela, Baraldo pede demissão e diz que ficou sabendo da acusação por meio da imprensa.(leia abaixo na íntegra)
Ele diz também que ainda não teve acesso a detalhes da denúncia feitas pelo guarda municipal cujas iniciais são T. B.D, de 34 anos, que é servidor do setor de inteligência da Guarda Civil Municipal (GCM).
“Considerando a suposta denúncia, se torna mandatória a realização de uma apuração ampla e minuciosa, até mesmo para que se possa, ao final, esclarecer de maneira definitiva a veracidade do alegado. Entendo que a minha saída da Secretaria de Proteção ao Cidadão contribuirá para o andamento regular, isento e imparcial das apurações”, disse na carta.
Queixa
No boletim de ocorrência, registrado na última sexta-feira (10), o guarda contou que os assédios do secretário Antero Alves Baraldo, que é PM da reserva, começaram em 2017 e duraram quase dois anos. Os abusos ocorriam, segundo ele, até na sala do secretário, durante o expediente.
“Eu percebia um olhar diferente dele para mim. Um dia me mudaram da portaria para trabalhar em um cargo administrativo. Nessa função, minha sala ficava perto da dele. Ele me mandava mensagem falando que precisava falar comigo e quando eu ia até a sala dele sempre me assediava. Me chamava para ir para o motel, tomar vinho, viajar”, contou em entrevista
Em outro episódio relatado à reportagem, durante uma viagem em dezembro de 2017, o guarda acusou o então chefe de assédio sexual. “Eu estava dirigindo para ele, que tirou minha mão do volante e colocou sobre ele”, afirmou.
Segundo o guarda, o assédio começou com elogios e depois partiu para a abordagem sexual. “Uma vez me obrigou a fazer sexo oral. Eu estava nervoso e ele mandava eu me acalmar, que ninguém ficaria sabendo”, disse.
Ele contou ainda que não fez a denúncia antes por ter medo de represália no trabalho ou contra ele e a família. O guarda é casado.
“Eu também fiquei com medo de que as pessoas achassem que eu tinha culpa, eu nunca quis nada com ele. Os outros guardas começaram a perceber, isso me deixou ainda mais acuado”, contou.
Neste ano, o guarda disse que começou a fazer tratamento psicológico, que o motivou a prestar queixa. “Eu comecei a ter pesadelos, achava que ia morrer, fiquei desmotivado”, justificou o fato de ter denunciado após quase dois anos das primeiras abordagens.
O que diz a prefeitura
Por meio de nota, a Secretaria de Governança, afirmou que instaurou um procedimento interno para apurar a denúncia apresentada e esclarecer os fatos.
“Em contato preliminar com o secretário de Proteção ao Cidadão, Antero Alves Baraldo, o mesmo negou a acusação de assédio”, disse a prefeitura em nota enviada na segunda-feira (13). Nos próximos dias, a Prefeitura anunciará quem comandará a pasta.
Foto: Camilla Motta/G1