Criar inúmeras chances e não definir o jogo. O torcedor do São Paulo se acostumou a ver esse roteiro em 2020. O time de Fernando Diniz cometeu os mesmos erros do Paulistão na Libertadores.
A diferença é que na competição continental o preço a ser pago foi a derrota na estreia por 2 a 1 para o frágil Binacional, na altitude de 3.800 metros de Juliaca, no Peru.
Agora o time terá de recuperar os pontos perdidos contra LDU e River Plate, os adversários mais fortes do Grupo D. Os dois próximos jogos no Morumbi ganham ares de decisão. O agravante para o São Paulo é a derrota do River (com time reserva) para a LDU por 3 a 0.
Uma vitória do São Paulo na próxima quarta-feira sobre os equatorianos pode igualar os quatro times do Grupo D com três pontos, caso o River confirme o favoritismo em casa diante do Binacional.
Um tropeço, por outro lado, transformaria os duelos com o próprio River em uma espécie de mata-mata pela classificação na chave.
Diante do Binacional, mais uma vez o São Paulo jogou bem durante só um tempo. Era o suficiente para golear o adversário, não fosse (novamente) a falta de pontaria nas finalizações. O Binacional só ameaçou no primeiro tempo em chutes de longa distância.
Foram pelo menos cinco chances perdidas, além do gol de Pato:
- 8 minutos: Reinaldo cruzou, e Pato, livre, cabeceou para fora;
- 20 minutos: Tiago Volpi lançou, Pablo ajeitou para Daniel Alves, recebeu de volta e deu o passe para Pato fazer o gol;
- 23 minutos: Reinaldo cobrou o lateral, Pato fez um corta-luz, e Daniel Alves deixou Antony livre para fazer o gol. Mas o atacante finalizou de direita sem tanta força e o goleiro pegou.
- 32 minutos: Reinaldo cruzou, o goleiro Raúl Fernández cedeu o rebote e Pablo, livre, finalizou de esquerda para fora;
- 35 minutos: Antony roubou a bola e colocou o ataque do São Paulo numa situação de três contra um. Com as opções de passe para Antony e Daniel Alves, Pablo finalizou muito longe do gol;
- 38 minutos: Igor Gomes acionou Antony, e o goleiro do Binacional saiu no abafa para defender o chute do atacante.
– Não vamos colocar na altitude a responsabilidade da derrota. Poderíamos ter feito o gol logo em seguida do primeiro. O importante para nós no primeiro tempo foi ter criado essas situações. Criamos várias, isso é muito importante, faltou o produto final, o gol. Evidente que o jogador não está lá para errar o gol. A gente sempre pensa na mudança para melhorar, levando em conta a altitude. Mas parabenizo os atletas por terem criado chances para fazer os gols – disse o auxiliar Márcio Araújo, responsável por dirigir o time por causa da suspensão de Fernando Diniz.
No segundo tempo, o São Paulo sentiu os efeitos da altitude e não conseguiu mais jogar. Em alguns momentos o time cedia a bola ao adversário e ficava com os 11 jogadores atrás da linha da bola.
O Binacional empatou logo aos quatro minutos, em lançamento nas costas de Bruno Alves e Arboleda. Com pouco ângulo, Marco Rodríguez finalizou entre as pernas de Tiago Volpi.
A virada saiu aos 32 minutos: Arango avançou sem ser incomodado por nenhum jogador do São Paulo e finalizou de fora da área para vencer Volpi. O detalhe é que a linha de quatro da defesa tricolor apenas recuou no lance e ninguém do meio de campo chegou para diminuir o espaço.
Márcio Araújo fez três substituições no segundo tempo, mas nenhuma delas fez o São Paulo jogar mais bola no segundo tempo: Pablo por Liziero, Pato por Toró e Bruno Alves por Hernanes. O Profeta arriscou chute perigoso no fim do jogo, mas parou no goleiro Raúl Fernández.
A derrota para o pior do time do grupo diminuiu ainda mais a margem de erro do São Paulo na Libertadores. A equipe de Fernando Diniz terá de aprender a matar as partidas com as inúmeras chances criadas. Caso contrário poderá amargar uma eliminação precoce.
Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net