As equipes de busca retomaram nesta sexta-feira (27) pela manhã o difícil trabalho de recuperação dos corpos e do que sobrou do Airbus da Germanwings que caiu nos Alpes Franceses sem deixar sobreviventes. Depois da revelação que de que o copiloto teria provocado o acidente, todos se perguntam por que ele fez isso.
O governo francês reforçou a certeza dos investigadores de que essa queda foi deliberada. O primeiro-ministro Manuel Valls disse que é preciso esperar o fim das investigações, mas, ao que tudo indica, se tratou realmente de um gesto incompreensível e louco do copiloto.
A análise dos dados do voo por especialistas independentes indica que o piloto reprogramou o avião para um mergulho em direção às montanhas.
Dados técnicos do voo, gerados pelo transponder do Airbus, foram analisados pelo site Flight Radar, especializado em aviação. As informações mostram que o piloto automático foi reprogramado para baixar de 38 mil pés – que é a altitude de cruzeiro – para 96 pés, a mais baixa possível. Em outras palavras, o avião foi programado para despencar.
A revelação reforça a conclusão assustadora dos investigadores franceses: segundo o promotor do caso, foi o copiloto Andreas Lubitz que deliberadamente jogou o avião – com outras 149 pessoas a bordo – contra a montanha nos Alpes Franceses.
De acordo com as gravações da caixa-preta, assim que o Airbus atingiu a altitude de cruzeiro, o comandante pediu que o copiloto assumisse o comando e saiu da cabine. Segundo os investigadores, nesse momento o copiloto Andreas Lubitz acionou os comandos para o avião descer. Controladores de voo perceberam a mudança de altitude e chamaram o avião, sem resposta. O comandante voltou e pediu que o copiloto abrisse a porta. Não houve resposta. O comandante começou a bater com força, desesperadamente. Nos últimos momentos, os passageiros perceberam o que estava acontecendo e também gritaram. Na gravação é possível ouvir a respiração do copiloto até o último instante, um sinal de que ele estava consciente.
De acordo com a investigação, o avião bateu a mais de 700 quilômetros por hora e a morte foi instantânea.
As famílias das vítimas foram ao local da tragédia. Elas fizeram um minuto de silêncio diante das bandeiras representando as nacionalidades dos mortos.
A reviravolta no caso não muda o valor que os parentes vão receber pelo seguro viagem. A apólice contratada pelos passageiros cobre igualmente acidentes, atentados ou quedas intencionais, mas especialistas dizem que pode haver uma indenização maior, caso a Lufthansa venha a ser responsabilizada pela tragédia.
As equipes se concentram agora no resgate dos corpos, que ainda deve levar pelo menos 15 dias. A identificação de todas as vítimas pode demorar semanas ou até meses. O trabalho de buscas recomeçou pela manhã de sexta. O céu limpo e sem nuvens facilita bastante o trabalho da equipe de resgate.
Segundo o prefeito da cidade, a maior parte dos familiares voltou para suas cidades ou foi para cidades próximas. Cerca de 20 familiares ficaram na cidade, e alguns devem retornar nesta sexta.
O padre da cidade esteve na quinta no ginásio da cidade, onde estão muitas famílias. Ele contou que além dele, outros líderes espirituais de diversas religiões estiveram o dia inteiro com as famílias. Eles fizeram atendimento em conjunto e individuais. As famílias também recebem apoio psicológico e médico.
Sindicato dos pilotos franceses pretende mover ação para processar agência que investiga os acidentes aéreos por quebra de sigilo profissional. Segundo eles, eles não poderiam ter revelado o conteúdo da caixa-preta, que acabou desvendando o mistério.