Relator do processo contra Cunha responde por falso testemunho

Um deputado inexperiente, em primeiro mandato, que chegou à Câmara beneficiado por um campeão de votos, vai relatar o processo que investiga se o presidente da casa, Eduardo Cunha, quebrou o decoro parlamentar e, eventualmente, vai ser cassado e, para completar, o deputado Fausto Pinato, o relator escolhido na quinta-feira (5), é do PRB, partido que apoiou a eleição de Cunha como presidente da Câmara.

O deputado Pinato responde a proceso no STF por falso testemunho, disse que foi um erro da Justiça e que tem certeza que será absolvido. Sobre o processo contra o presidente da Câmara, Pinato negou ser ligado a Eduardo Cunha e disse que tem atuação independente e indicou que deve pedir abertura de investigação.

“Existe uma grande possibilidade de eu aceitar a denúncia. O Seu Eduardo Cunha vai ser julgado como um deputado comum, não como presidente da Câmara. A partir desse momento eu me torno um juiz e, como um juiz, tem que ter imparcialidade e julgar conforme as provas dos autos”, declara o deputado Fausto Pinato (PRB/SP).

Se for observar a operação política, Eduardo Cunha se mostrou até agora um hábil operador no meio da crise política em Brasília, mas atropelado pelos fatos. O presidente da Câmara disse que o advogado dele vai agir com tranquilidade nesse processo no Conselho de Ética.

O jornal Folha de S.Paulo, que ouviu deputados próximos a Cunha, trouxe a base do que deve ser a defesa dele. O Jornal da Globo confirmou essas informações com aliados do presidente da Câmara.

A preocupação de Cunha é provar que não mentiu na CPI da Petrobras, em março, quando negou ter contas no exterior. O Ministério Público revelou quatro contas de Cunha na Suíça.

De acordo com aliados do presidente da Câmara, ele vai dizer que as contas não estão em nome dele, mas de investidores para quem ele transferiu a administração de bens e de empresas. Mas Cunha admitiu ser beneficiário das contas e que elas não foram declaradas ao Banco Central exatamente porque não é dono das contas, apenas beneficiário.

O Banco Central afirma que em todos estes casos, a declaração é obrigatória e que a declaração deverá ser feita sempre em nome do beneficiário residente. Já a Receita Federal não esclareceu se o beneficiário de contas no exterior deve declarar essas contas. O deputado negou ter comentado com aliados detalhes da defesa dele.

“Não tem o que comentar porque não existe para mim isso que está colocado”, diz o deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), presidente da Câmara.

O julgamento no Conselho de Ética é político. Até deputados aliados de Cunha reconhecem que o quadro é difícil e que as circunstâncias políticas são determinantes.

Eles citam como exemplo se Cunha virar réu em uma das duas investigações contra ele, no Supremo Tribunal Federal, a situação ficará mais delicada e a tendência é ele perder apio Mas esse processo vai se arrastar até o ano que vem e ainda tem muita água para rolar.