Kelly Slater pode até ser o dono/criador da piscina, mas quem “manda” nas ondas artificiais de Lemoore é Gabriel Medina. Pelo segundo ano consecutivo, o brasileiro dominou a máquina. Chegou próximo da perfeição para superar Filipe Toledo e vencer a única etapa do circuito mundial disputada fora do mar. E, assim como em 2018, o bicampeão mundial sai dos Estados Unidos com a camisa amarela de número 1 do mundo.
Depois de conquistar o título em Jeffreys Bay e o vice em Teahupoo, Medina chegou à terceira final seguida no circuito. O brasileiro foi o melhor na fase classificatória em Lemoore e, na decisão, faltou um juiz dar um 10 para vir a nota perfeita. Veio o 9,93, a maior nota das duas edições do Surf Ranch, e a vitória por 18,86 pontos. Filipe Toledo, vice no ano passado, e o australiano Owen Wright ficaram empatados com 17,33, mas o brasileiro levou a melhor por ter a maior nota (9,63). Outro destaque do Brasil na decisão, que contou com os 8 melhores surfistas do campeonato, foi Yago Dora, sexto colocado com 15,20 pontos.
– Essa era a minha meta aqui. É uma vitória que me faz me sentir bem, porque essa onda é boa demais. Estou contra os melhores do mundo, então é um orgulho vencê-los. Estava me sentindo muito confiante aqui. As minhas pranchas estavam demais. Obrigado Johnny (Cabianca) pelas pranchas. Foram longos 3 dias. Estou muito feliz com a minha performance nesse evento. São pontos muito importantes. Espero manter bons resultados até o fim do ano – comemorou Medina, que agora soma 44.695 pontos no ranking, contra 44.400 de Filipinho.
Corrida olímpica
Com os resultados em Lemoore, Medina e Filipe abriram uma vantagem de quase 10.000 pontos na corrida olímpica sobre Ítalo Ferreira (34.600), que terminou em 9º nos EUA. Os dois melhores surfistas do Brasil (que fecharem a temporada Circuito Mundial no top 10) garantem vaga automática nos Jogos de Tóquio 2020.
A final
Os 8 finalistas entraram na decisão com as notas zeradas da fase classificatória. Cada um tinha direito a pegar 4 ondas (duas direitas e duas esquerdas). Os atletas que conseguissem as 4 maiores pontuações (na soma da melhor esquerda e com a melhor direita) ganhariam mais duas ondas (uma direita e uma esquerda) de bônus para tentarem melhorar o resultado final.
E foram os australianos que começaram dando show. Primeiro Julian Wilson fez a maior nota do campeonato até então (9,33), com um aéreo backside varial bem alto na esquerda. Depois Owen Wright assumiu a liderança com duas notas altas (8,70 e 8,63). Filipe Toledo veio com tudo, na primeira direita, fez dois aéreos, sendo o último um alley-oop alto e com a aterrissagem perfeita: 9,63, o novo recorde do campeonato até então. Com um 7,70 na esquerda, Filipe somou 17,33 e empatou com Owen em 1º.
Mas ainda faltava o bicampeão mundial e atual vencedor da etapa entrar em ação. Medina fez uma linha quase perfeita logo na primeira esquerda. Depois de encaixar uma sequência de manobras no crítico, com velocidade e precisão, o paulista de Maresias deixou para a finalização um combo de dois aéreos – um reverse e um kerrupt flip nas alturas. Faltou um juiz dar um 10 para vir a nota perfeita. Veio o 9,93, que somado com um 8,93 na onda seguinte para a direita, garantiu a 1ª posição provisória para o brasileiro, com 18,86 no total.
Restou a Medina esperar Filipe e Owen pegarem as duas ondas de bônus, mas nenhum dos dois conseguiu trocar nota. E, pelo segundo ano seguido, Gabriel vestiu a bandeira do Brasil e transformou as duas últimas ondas que ele tinha no desfile do campeão.
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