A demissão de Gonçalves Dias do cargo de ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo deve ser utilizada pela extrema-direita bolsonarista para acusar o governo Lula de envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro.
A avaliação é do colunista o jornal “O Globo” e comentarista da “CBN”, Bernardo Mello Franco, em entrevista à Julia Duailibi.
“A oposição quer CPI justamente para desviar o foco da investigação de verdade, que não vai ser feita pelo Congresso”, diz Franco
Mello Franco também explica o motivo de o governo não ter defendido uma CPI, enquanto a oposição que, nas suas palavras, “teria todas as razões para ser contra a instalação”, estava a favor.
“Claro que por trás disso não tem busca da verdade, altos ideais, valores morais elevados, nada disso. É jogo político. O governo queria evitar uma CPI porque CPI sempre é problema para quem está no poder. E a oposição quer a CPI justamente para desviar o foco da investigação de verdade, que não vai ser feita pelo Congresso, e já está sendo feita pela Polícia Federal, sob a supervisão do Supremo Tribunal Federal.”
O general Gonçalves Dias pediu demissão do Gabinete de Segurança Institucional nesta quarta-feira (19), após a divulgação de imagens em que aparece nas invasões golpistas de 8 de janeiro à sede dos Três Poderes, em Brasília.
Gonçalves Dias estava dentro do Palácio do Planalto no momento da invasão. A divulgação do vídeo engatilhou uma crise no governo, que culminou no pedido de demissão então ministro – substituído interinamente no GSI por Ricardo Capelli – e na adesão da bancada governista à abertura de uma CPI sobre os atos golpistas.
O general da reserva foi responsável por Lula por ter feito a segurança do presidente nos dois mandatos anteriores. Também foi chefe da Coordenadoria de Segurança Institucional de Dilma Rousseff.
“Ele era conhecido como sombra do Lula. Em várias fotos dos primeiros mandatos você vê ali o Lula à frente e, atrás, na sombra do presidente, o Gonçalves Dias”, conta Mello Franco.