Os protestos contra o novo governo do Peru deixaram neste domingo dois mortos e diversos feridos durante um confronto no interior do país. Foram registradas manifestações e a convocação de uma paralisação nacional exigindo a renúncia da presidente Dina Boluarte e novas eleições.
As mobilizações cresceram em cidades do norte e sul andinos pelo quarto dia, em rejeição ao Congresso e pedindo a libertação do ex-presidente esquerdista Pedro Castillo, destituído no último dia 7.
Milhares de pessoas se reuniram em Cajamarca, Arequipa, Tacna, Andahuaylas, Huancayo, Cusco e Puno, segundo imagens transmitidas por emissoras de TV locais. Em Andahuaylas, a polícia reportou dois mortos e múltiplos feridos, entre eles um policial, durante uma tentativa dos manifestantes de tomar o aeroporto da cidade.
“Lamentamos o falecimento de duas pessoas e dos vários feridos durante os enfrentamentos”, disse César Cervantes, ministro do Interior, à rádio local RPP. “Peço à população que se tranquilize”.
Reforços do batalhão de choque chegariam a esse terminal para conter os milhares de manifestantes em Andahuaylas, localizada na região de Apurímac, cidade natal de Dina Boluarte. Pessoas atacavam com estilingues e pedras, enquanto as forças de segurança as repeliam com gás lacrimogêneo, segundo imagens divulgadas pela imprensa.
Sindicatos agrários e organizações camponesas e indígenas anunciaram uma paralisação por tempo indeterminado a partir da próxima terça-feira, somando-se aos pedidos de fechamento do Congresso, eleições antecipadas e uma nova Constituição, segundo comunicado da Frente Agrária e Rural do Peru. O coletivo também reivindica a “libertação imediata” de Castillo.
Em Lima, o partido esquerdista Peru Livre convocou uma manifestação para a tarde de hoje na Praça San Martín, epicentro das manifestações políticas no Peru. Lima sempre deu as costas a Castillo, enquanto as regiões andinas se identificaram com ele desde as eleições de 2021.
O Congresso, dominado pela direita, anunciou que iria se reunir nesta tarde para analisar a situação.
“Até agora, a presidente não foi clara sobre a grande questão: estamos em um governo de transição ou estamos diante de uma autoridade que pretende ficar até 2026?”, disse à AFP a analista política Giovanna Peñaflor. “Ela deveria ter claro que seu papel é facilitar as novas eleições gerais, e que esse é o caminho que irá augurar que ela tenha alguma estabilidade que permita que o gabinete atual não seja como os anteriores e acabe sendo relegado.”