Quatro gols, uma assistência e a Argentina viva nas quartas de final. Os hermanos podem até não estarem jogando um futebol empolgante na Copa do Mundo do Brasil, mas Messi tem mostrado como poucas vezes com a camisa da seleção que pode, sim, repetir Maradona e levar seu país ao topo do mundo. Contra a Suíça, o roteiro foi similar ao dos três jogos anteriores: o craque oscilou bastante durante os 120 minutos, já dava sinais claros de cansaço, até que encontrou Di María livre para fazer 1 a 0 garantir a classificação. A tão proclamada em território argentino “Copa de Messi” tem sido assim, e talvez só James Rodríguez tenha sido tão decisivo até o momento.
Eleito o melhor da partida todas as vezes em que esteve em campo (veja os lances no vídeo acima), Messi é responsável por uma dependência que até mesmo Alejandro Sabella já admitiu. O capitão argentino, por sua vez, evita potencializar com palavras sua individualidade. Em entrevista após o triunfo contra os suíços, Lionel pregou o discurso coletivo e demonstrou otimismo para que 2014 seja, enfim, o ano do tri mundial da Argentina.
– Sinto que pode ser o Mundial da Argentina, por como estamos, por como chegamos. Conseguimos sofrer e ter a sorte do nosso lado. Tudo isso nos faz manter a esperança (…) A seleção não merecia ir embora. Ninguém esperava ir embora. Sonhamos com mais, podemos mais (…) É uma vitória que nos dá muita força para seguir. Vencer assim, por mais que se sofra como ninguém quer, nos fortalece para pensar no que vem pela frente.
A confiança de Messi se dá muito também pela boa dose de sorte que tem acompanhado a Argentina em gramados brasileiros. Além de duas vitórias nos minutos finais, os hermanos viram a Suíça cabecear na trave e, logo depois, desperdiçar falta na entrada da área já nos acréscimos da prorrogação na Arena Corinthians. Sempre comedido, Messi admitiu ter vivido minutos de tensão.
– Foi muito nervosismo na bola na trave, na cobrança de falta no fim, ainda mais depois ter feito o gol em uma partida tão dura (…) Tomara que sigamos assim, com a sorte ao nosso favor.
O craque argentino falou ainda da dificuldade que sua equipe teve para superar a bem postada defesa da Suíça e, principalmente, o goleiro Benaglio. Messi comentou ainda a jogada decisiva e revelou que chegou a cogitar um lance individual antes da assistência para Di María.
– Sabíamos que íamos sofrer. Esperávamos ganhar antes, tivemos ocasiões para isso, mas conseguimos sofrer e ganhar. Isso que é o mais importante. Di María apareceu do nada, deu uma carreira no último minuto, quando ninguém mais podia, e, por sorte, dei o passe, ele fez o gol e conseguimos um triunfo sofrido. Não queríamos chegar aos pênaltis. Definir antes foi uma alegria. O primeiro pensamento foi encarar o mano a mano com o defensor, mas apareceu Fideo em melhor posição para definir.
No sábado, a Argentina encara a Bélgica em Brasília pelas quartas de final do Mundial. Desde 1990, os hermanos não ultrapassam este estágio da competição, e Messi recordou o tabu antes mesmo da definição do próximo rival.
– Teremos uma partida muito complicada pela frente, até pelo estágio da competição que estamos. Faz muito tempo que a seleção não passa das quartas. Tomara que agora aconteça (…) Não podemos pensar nunca que uma seleção que não tem nome vai ser fácil. Não é assim. Já vimos seleções importantes fora, outras que não se esperava classificadas. É uma Copa e sempre é difícil.
Após o vice na Itália, há 24 anos, os argentinos caíram para a Romênia, nas oitavas, em 94; para a Holanda, nas quartas, em 98; na primeira fase em 2002; e novamente nas quartas duas vezes para Alemanha, em 2006 e 2010. Algozes em outras ocasiões, alemães e holandeses ainda seguem vivos no Brasil.
Sábado, contra o belgas, a Argentina deve encontrar, pela primeira vez, um rival com características mais ofensivas. Até o momento, o time de Sabella tem sofrido para furar retrancas, e Messi dividiu a culpa com as condições apresentadas nos gramados brasileiros.
– Os rivais quase sempre jogam fechados atrás, não encontramos espaços. Os estádios também não ajudam a quem propõe o jogo. (A grama) está lenta, dura em todos os lados. Isso favorece quem fica atrás e sai no contra-ataque. É cômodo.
Com Messi decisivo, a Argentina encara a Bélgica sábado, às 13h (de Brasília), no Mané Garrincha, na capital federal, por uma vaga na semifinal da Copa do Mundo. Antes, os hermanos seguem em Belo Horizonte, treinando na Cidade do Galo.