Preso desde a última quarta-feira (25) suspeito de planejar obstruir as investigações da Operação Lava Jato, de acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), o banqueiro André Esteves, dono do banco BTG Pactual, renunciou nesta segunda-feira ao cargo que ocupava no Conselho de Administração da BM&FBovespa – que ocupava desde março.
De acordo com a bolsa “o Conselho de Administração se reunirá oportunamente para indicar um substituto, com base em indicação do Comitê de Governança e Indicação, para servir até a primeira Assembleia Geral subsequente, quando deverá ser eleito novo conselheiro para completar o mandato do conselheiro substituído”.
Na noite de domingo, Esteves deixou a Presidência do banco BTG Pactual após o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki ter convertido sua prisão de temporária em preventiva – a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR). Com a decisão do STF, ele permanecerá encarcerado por tempo indeterminado.
“André Santos Esteves renunciou aos cargos de presidente do Conselho de Administração e de CEO [Chief Executive Officer]”, informou a instituição financeira, acrescentando que isso foi feito em “prol” do BTG Pactual.
Após a saída de Esteves, o economista Persio Arida foi designado para assumir a presidência do Conselho de Administração das empresas, tendo John Huw Gwili Jenkins como vice-presidente. Já Marcelo Kalim e Robert Sallouti assumirão como co-CEOs das companhias.
Prisão
André Esteves foi preso na última quarta-feira (25), assim como o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), suspeito de tentar interferir no andamento das investigações da Lava Jato. Segundo a PGR, o grupo tentou convencer o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró a não fechar acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal e ofereceu à família dele R$ 50 mil mensais.
Sócio do banco BTG Pactual, Esteves está detido em um presídio na cidade do Rio de Janeiro. Responsável pela defesa de André Esteves, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, chegou a pedir neste domingo ao Supremo que não prorrogasse a prisão temporária do cliente, que terminaria à meia-noite. Entretanto, não foi atendido pelo STF.
Documento
A Procuradoria Geral da República relatou, no seu pedido para conversão da prisão banqueiro André Esteves e do chefe de gabinete do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), Diogo Ferreira, de temporária em preventiva – acolhido neste domingo (29) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki – que foi encontrado um documento, com uma escrita no verso, indicando o suposto pagamento de R$ 45 milhões do BTG para Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados.
Segundo a PGR, na residência de Diogo Ferreira, foi encontrado este documento, contendo uma escrita, com o seguinte texto: “Em troca de uma emenda à Medida Provisória número 608, o BTG Pactual, proprietário da massa falida do banco Bamerindus, o qual estava interessado em utilizar os créditos fiscais de tal massa, pagou ao deputado federal Eduardo Cunha a quantia de R$ 45 milhões”.
Ainda de acordo com o pedido da Procuradoria Geral da República para que a prisão temporária fosse convertida em preventiva, a anotação informa que teriam participado da operação, pelo BTG, Carlos Fonseca e Milton Lyra. “Esse valor também possuía como destinatário outros parlamentares do PMDB. Depois que tudo deu certo, Milton Lyra fez um jantar pra festejar. No encontro tínhamos as seguintes pessoas: Eduardo Cunha, Milton Lira, Ricardo Fonseca e André Esteves”, informou a PGR.
As defesas de Diogo Ferreira e do banqueiro André Esteves informaram que não tiveram acesso à decisão do ministro Teori Zavascki e, por isso, não têm como se manifestar.