Com o alto preço do serviço de internet fixa no Amazonas, oito em dez domicílios que possuem acesso à rede preferem a conexão por banda larga móvel, o terceiro maior percentual (81,8%) do País neste tipo de comparação, atrás apenas de Roraima e Amapá. O Estado também registrou o quarto maior índice de casas com TV digital aberta, presente em 37,8% dos lares. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2013, divulgados nesta quarta-feira, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Acredito que o motivo disso é porque a nossa internet é muito cara e péssima. Há dias que não se consegue conectar à internet, mesmo quem opta pela banda larga fixa. Por isso as pessoas preferem a móvel, porque é bem mais barata, apesar de ser ruim também”, disse o chefe da Gerência de Planejamento e Supervisão do IBGE no Amazons, Jônatas Bentes Picanço.
Um exemplo é o do professor Odilon Silva, usuário da banda larga móvel, que não contratou o acesso fixo por considerar muito caro. “Ainda não cabe no meu orçamento, custa em média R$ 150 e ainda é ruim também. Por isso, ainda continuo com a internet móvel, apesar da conexão ser péssima”, disse.
De acordo com o IBGE, no Amazonas, ao contrário da maioria dos Estados, o acesso à internet feito exclusivamente pelo telefone móvel celular ou tablet superou o do microcomputador e registrou taxa de 39,6% das conexões, atrás somente do Amapá (43%) e do Pará (41,2%). Com isso, o Norte apresentou o maior percentual de domicílios que utilizavam o celular para acesso à rede (75,4%), enquanto nas demais, predominava-se o microcomputador. O uso do tablet era maior no Sudeste (19,2%), frente à média nacional de domicílios que usavam esse equipamento no acesso à internet (17,2%).
Computador
O microcomputador estava presente em 38,2% dos domicílios no Amazonas, o que coloca o Estado na segunda melhor posição da Região Norte, atrás apenas de Rondônia, com 38,7%. Quanto aos tablets, embora com a presença menor (7,4%), o Estado ficou atrás apenas do Amapá, com 7,5%.
Em 2013, havia microcomputador ou tablet em 49,9% dos domicílios do País. As regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste registraram proporções superiores a 50%, sendo a mais elevada a observada no Sudeste (59,9%). Se a investigação se restringisse à existência de tablet, as Unidades da Federação com os maiores percentuais de domicílios com esse tipo de aparelho seriam o Distrito Federal (23,6%) e os Estados de São Paulo (16,0%) e Rio de Janeiro (15,8%). Os Estados do Piauí (5,0%), Maranhão (4,9%) e Rondônia (4,8%) apresentavam os menores percentuais desse equipamento.
Celular
O maior percentual de pessoas com telefone celular foi o Distrito Federal (89,4%), seguido por Mato Grosso do Sul (83,5%) e Goiás (83,4%), todos na Região Centro-Oeste. Por outro lado, os menores percentuais encontravam-se no Maranhão (52,3%) e no Piauí (62,6%). As Unidades da Federação em que houve maior aumento da posse desse equipamento, entre 2005 e 2013, foram Tocantins (47,6 pontos percentuais), Paraíba (46,8 pontos percentuais), Bahia (45,8 pontos percentuais), Piauí (45,8 pontos percentuais) e Roraima (45,0 pontos percentuais). O Amazonas avançou 43 pontos percentuais em relação a 2005 na posse do telefone celular para uso pessoal. Mesmo assim ainda ocupava as últimas posições entre os Estados da Região Norte.
Maioria é jovem e possui escolaridade
Os usuários de internet no Brasil são, principalmente, jovens e pessoas de maior escolaridade e renda. Ainda assim, o acesso à rede tem crescido em todas as faixas etárias, inclusive entre os mais idosos, e também entre as populações com menor grau de estudo ou de baixa renda, segundo a Pnad 2013.
Em 2008, apenas 5,7% dos brasileiros com mais de 60 anos utilizaram a internet. Já em 2013, essa fatia mais que dobrou, chegando a 12,6%, segundo o órgão. Apesar disso, o porcentual continua sendo o menor entre todas as faixas etárias, enquanto a maior frequência ocorre nos jovens de 15 a 17 anos (75,7%). Em toda a população de 10 a 39 anos, o uso da internet ultrapassa os 50%.
“O uso é maior entre os mais jovens, mas temos tido crescimento também entre os mais velhos”, reforçou a técnica do IBGE Jully Ponte.
Escolaridade
Em termos de anos de estudo, os brasileiros com, pelo menos, o Ensino Superior completo (15 anos ou mais de estudo) sustentam os maiores índices de utilização de internet (89,8%). A despeito disso, o uso da rede chegou a 5,4% das pessoas sem qualquer tipo de instrução ou menos de um ano de estudo – fatia que era de 1 9% em 2008.
Em relação à renda, o avanço do acesso à internet ocorreu, principalmente, entre as faixas de renda mais baixas, embora o alcance da tecnologia continue sendo maior nas famílias mais abastadas. De acordo com o órgão, 23,9% das pessoas com renda domiciliar per capita entre zero e um salário mínimo tinham acesso à rede em 2013. Essa fatia aumenta quanto maior é a renda chegando ao pico de 89,9% de frequência na faixa de renda per capita acima de dez salários mínimos.
“O que se nota também é que quem tem esses equipamentos (microcomputador ou tablet) em casa tem um rendimento médio maior do que quem não possui”, destacou a técnica.
Segundo o IBGE, o rendimento médio mensal per capita de quem possuía, em 2013, um computador ou tablet era de R$ 1.572,00, mais que o dobro dos R$ 687,00 de quem não tinha tais ferramentas para acessar a internet.