Os cariocas e turistas que frequentam a orla de Ipanema têm percebido o grande número de pessoas que passaram a dormir nas areias da praia nos últimos meses. São acampamentos feitos com barracas de sol, lonas e outros materiais que possam proteger do sol e afastar o frio durante a noite.
O RJTV desta quarta (28) mostrou que esses espaços não são formados só por moradores de rua. No local, também dormem trabalhadores que buscam economizar com a passagem entre suas casas e a Zona Sul do Rio de Janeiro.
Os acampamentos irregulares vêm causando discussões entre os moradores do bairro. Para o professor de educação física, Walter Miranda, a situação pode causar problemas de saúde para quem frequenta o local. “Eles usam as barracas deles como se fosse uma casa com pavimento. Urinam, escovam dente. Tudo como se estivessem na própria casa deles”, comentou Miranda.
O comerciante Maurício Lobo também acredita a falta de higiene pode ser prejudicial. “Isso pode ser visto pela qualidade da areia, que está muito ruim, cheia de pombo. Eles têm animais que moram na areia com eles”, disse.
De acordo com os moradores de Ipanema, esses acampamentos começaram a se formar há cerca de um ano. As barracas têm cobertores, colchões, galões de água e até roupas penduradas. Muitas pessoas que usam essas barracas trabalham na praia de Ipanema e dizem preferir dormir na areia para economizar e não gastar dinheiro com a passagem.
“Eu não moro aqui. No momento eu tenho casa. Mas como os meus filhos já estão de férias, ai eu fico mais aqui do que em casa. Porque eu pra ir e voltar eu pago 72 reais de passagem ta?! Eu guardando já dá pra fazer as compras do meu filho. Se eu for todo dia, como é que eles vão comer?”, questionou Gorete Oliveira de Moura, vendedora ambulante.
No início de maio, o Bom Dia Rio mostrou um aumento no número de moradores de rua que passaram a dormir nas praias da cidade. Na ocasião, a reportagem também flagrou pessoas dormindo nas areias de Copacabana, Urca, Praia Vermelha e Botafogo. Sete meses depois nada mudou.
Procurada pela reportagem do RJTV, a Prefeitura do Rio de Janeiro informou que “sempre faz ações e oferece abrigo a quem precisa. Mas que não pode obrigar ninguém a ficar nas unidades de acolhimento”.