O presidente Donald Trump surpreendeu os americanos na última terça-feira ao anunciar a demissão do chefe do FBI, James Comey.Em uma nota, a Casa Branca diz que Comey foi afastado do cargo pela forma como lidou com o inquérito conduzido sobre e-mails de Hillary Clinton enviados por uma conta particular durante sua gestão como secretária de Estado americana.
Segundo jornais americanos, Comey, de 56 anos, que estava havia três anos e meio no cargo – em um mandato de 10 anos -, estava conversando com agentes do FBI em Los Angeles quando recebeu a notícia de sua demissão – e deu risada, por achar que fosse um trote.
A notícia também causou surpresa no Congresso, mesmo entre Republicanos, e no próprio FBI.
As justificativas para a demissão, no entanto, causaram desconfiança, em particular na oposição democrata. Muitos suspeitam de que ela poderia estaria ligada a uma investigação – em andamento – do FBI sobre possíveis ligações entre a campanha eleitoral de Trump e a Rússia.
Enquanto analistas e políticos avaliam a decisão, eis aqui algumas das principais questões que serão possivelmente contempladas.do Senado sobre a investigação a respeito da suposta interferência russa na eleição americana – e sobre possíveis laços do país com a campanha de Trump.
Nesta quinta-feira, estava previsto seu comparecimento no Congresso para discutir “ameaças globais”.
Trump tem repetido diversas vezes em sua conta no Twitter que as alegações sobre a Rússia seriam “falsas” e que as investigações seriam uma “piada bancada pelo dinheiro dos contribuintes”.
E agora, o homem que comandava a investigação é mandado embora – pelo próprio Donald Trump.
Enquanto a Casa Branca diz que a demissão está ligada à forma como foi conduzida a investigação sobre o servidor dos e-mails de Hillary Clinton, não há muita gente acreditando nessa explicação – especialmente os democratas.
Muitos têm ainda fresco na memória os elogios rasgados feitos por Trump a Comey, poucos dias antes da eleição presidencial, por esta mesma investigação dos emails da candidata democrata.
“Foi preciso coragem ao diretor Comey para tomar essa atitude diante do tipo de oposição que enfrentou…que queria protegê-la (Hillary) de um processo criminal. Ele precisou ter muita coragem”, disse Trump em um comício.
Recentemente, no entanto, Donald Trump passou a se incomodar com o chefe do FBI. De acordo com o jornal The New York Times , o presidente estava buscando uma razão para demiti-lo há mais de uma semana.
Se o motivo para isso foi a investigação do e-mail de Hillary Clinton, por que a demissão só veio agora? A resposta de Trump a essa questão pode ser determinante para fazer com que as alegações de acobertamento ganhem força ou – pelo contrário – desapareçam com o tempo.
Comey teria causado a própria demissão?
Pouco depois de o senador democrata Chuck Schumer pedir, em uma coletiva de imprensa convocada às pressas após a demissão de Comey, uma investigação independente sobre as ligações de Trump com a Rússia, a Casa Branca passou a circular uma frase dita pelo senador criticando o chefe do FBI por sua atuação no caso dos e-mails de Hillary Clinton.
“Não tenho mais confiança nele”, disse Schumer, em novembro do ano passado.
Muitos dos mesmos democratas que agora criticam a demissão de Comey tiveram posicionamentos parecidos no passado – que com certeza serão lembrados agora pelos simpatizantes de Trump.