Grupos de ciclistas de Mogi das Cruzes e Suzano que saem a noite para treinar vêm se tornando alvo fácil de infratores. Por causa dos roubos, alguns esportistas preferem mudar as rotas e pedalar em perímetros urbanos ao invés de rodovias.
Para o ciclista Antônio Carlos Guerra, a bicicleta não é somente um meio de transporte ou diversão, e sim uma profissão. Ele é técnico e integrante da Liga Municipal de Ciclismo de Mogi das Cruzes. Ultimamente, ele anda preocupado porque os ciclistas estão sofrendo com a violência na região. “Muitas bicicletas são importadas e têm um preço elevado, isso acaba chamando atenção dos infratores e é por isso que ultimamente tem aumentado o número de assaltos a ciclistas”.
Para aqueles que pedalam a noite o perigo aumenta. Um grupo de Mogi das Cruzes sempre se reúne após o trabalho e percorre caminhos diferentes todas as noites, não só para sair da rotina, mas também para evitar assaltos.
O ciclista Daniel Roberto foi vítima da violência há pouco mais de dois meses na Avenida João XXIII, em César de Sousa. “Um homem veio até mim com a arma apontada, exigindo celular, dinheiro e outros pertences pessoais. Aí entreguei o celular para ele e não reagi”.
A decisão de continuar a praticar o esporte é difícil diante do risco. O ciclista teve que orientar todos os integrantes do grupo a seguir alguns procedimentos na tentativa de evitar o pior. “A gente anda com um grupo mais coeso, um bloco único e mudamos bastante as rotas”.
O ciclista Rodrigo José Matos acredita que o policiamento tem que ser intensificado. “Acredito que a ronda tem que ser mais frequente em determinados horários”.
Em Suzano não é diferente. Um grupo de ciclistas com mais de 20 integrantes faz o treinamento a noite e isso só é possível porque eles sempre procuram vias iluminadas e pedalam com bastante gente por perto.
Lincoln Nakashima diz que alguns pontos são evitados e que a falta de segurança é enorme. “No limite com Ribeirão Pires tem a Pedra do Elefante, onde a gente pedalava muito, mas começou a ter esse índice de roubo, e nós paramos de ir para lá. Os casos hoje acontecem muito no Rodoanel, próximo à capital, e na Rodovia Ayrton Senna, depois do pedágio, sentido São Paulo. Por causa disso estamos evitado certos tipos de treino”.
A saída encontrada foi andar no perímetro urbano, mesmo não sendo o local ideal para treinamentos. “É na rodovia que a gente consegue desenvolver a quilometragem melhor. Consegue andar bem mais do que ficar só próximo de casa”, conta Nakashima.
Ele ainda lembra de um caso recente de um assalto a grupo de ciclistas. “No Rodoanel, 12 ciclistas foram assaltados. Veio uma caminhonete e levou as bikes e as sapatilhas de todos os ciclistas, que é o tênis próprio para pedalar”.
O ciclista Edilson Rocha espera por providências das autoridades. “A gente sempre espera por uma atitude do governo, mas se continuar esperando não vai sair de casa”.
Sobre a reclamação dos ciclistas, a Polícia Rodoviária Estadual informou que aumentou o patrulhamento nas rodovias, principalmente para evitar esse tipo de crime e também as infrações de trânsito. Além disso, a corporação completou que a Rodovia Ayrton Senna, por exemplo, é considerada uma via inteligente porque possui monitoramento de câmeras e isso acaba ajudando a Polícia Militar, que trabalha em conjunto com a concessionária que administra o trecho. A Polícia Rodoviária pede ainda para que as pessoas tenham em mãos alguns números para caso precisem fazer alguma denúncia, como da Ecopistas e do Departamento de Estradas e Rodagem (DER).
A capitã da Polícia Militar Lígia Alves dos Santos reforça a ideia de que é necessário que os ciclistas comuniquem os casos de roubo à polícia. “Os grupos que utilizam as nossas rodovias podem procurar a Polícia Militar. Por trabalharmos com um sistema inteligente de segurança, precisamos de dados”.
Para a capitã, a informação é prioritária para a PM. Em relação aos casos de assaltos na Avenida João XXIII, Lígia afirma que o patrulhamento é feito na via pela 1ª Cia da PM. “A PM tem conhecimento de alguns casos, mas são poucos diante da demanda de policiamento”. Para a capitã, o policiamento é reforçado de acordo com os registros. “Se não há registros, não temos como destinar patrulhamento exclusivo para o local. Então, é necessário que os ciclistas vítimas de roubo façam registro em uma delegacia”.
A capitã orienta sobre cautelas que precisam ser adotadas pelos ciclistas para prevenção. “A saída em grupo é primordial. Quando é um caso isolado, os delitos acontecem. É importante deixar alguém avisado sobre qual itinerário será percorrido. A principal orientação ainda é de comunicar à polícia sobre um caso de roubo”.
A comunicação com a Polícia Militar pode ser feita pelo telefone 190 ou 4721-4548. O telefone da Ecopistas é 0800-777-0070 e do DER é 0800-055-5510.