A Polícia Civil descartou a possibilidade de ataque hacker no sumiço de R$ 317 mil de uma das contas bancárias da Câmara de Jacareí. O dinheiro desapareceu em setembro de 2018 após sete transferências. A principal hipótese investigada é que o legislativo tenha sido vítima de estelionatários. O inquérito ainda não foi concluído.
Na sessão da última quarta (20) um requerimento do vereador Paulinho dos Condutores (PR) causou polêmica ao cobrar publicamente esclarecimento sobre o caso. O pedido foi aprovado, mas teve voto contrário da ex-presidente da Câmara, Lucimar Ponciano, e mais quatro vereadores. (leia abaixo)
Inicialmente, a polícia investigava a invasão da conta por meio de um ataque virtual. No entanto, durante as investigações os policiais encontraram indícios de que o legislativo possa ter caído em um golpe, praticado por criminosos que supostamente tinham informações bancárias da Câmara.
“A forma em que o crime ocorreu ainda está sendo investigada, mas, a princípio, não descartamos a hipótese de que um funcionário tenha feito a transferência sem dolo, sem perceber que se tratava de um golpe”, explicou o delegado Talis Prado.
As TEDs, uma modalidade de transferência bancária, foram feitas em sequência por meio do sistema de internet banking. O valor que sumiu corresponde ao total que havia nesta conta alvo da investigação.
Essa verba seria usada para pagamento mensal dos cerca de 100 servidores da casa. Apesar do desvio do dinheiro, o pagamento aos trabalhadores na época foi feito com a verba disponível em outra conta bancária corporativa.
Investigação
O caso continua em investigação para confirmar o estelionato e identificar os autores. A polícia também disse que aguarda laudos periciais e informações do Banco Santander sobre a movimentação da conta da Câmara e onde o dinheiro foi depositado.
Na última sexta-feira (15) a Câmara de Jacareí encaminhou um ofício à delegacia seccional solicitando informações sobre o andamento das investigações.
A Câmara de Jacareí informou que R$ 35 mil foram recuperados por meio de crédito restituído pelo banco após procedimentos administrativos e jurídicos adotados pela casa.
Por meio de nota, o Santander afirmou que identificou que as transações realizadas foram devidamente validadas com as credenciais de segurança fornecidas pelo banco, que são de uso do setor responsável na Câmara.
“O banco acrescenta que disponibiliza aos clientes mecanismos de segurança para realizarem transações financeiras nos canais de relacionamento e sempre os orienta a adotarem as melhores práticas de segurança”, disse em trecho da nota.
Polêmica
Na sessão plenária da última quarta (20), o vereador Paulinho dos Condutores (PR) fez um pedido de esclarecimento sobre as investigações. O requerimento foi aprovado, mas teve quatro votos contrários, entre eles o de Lucimar Ponciano (PSDB), ex-presidente do legislativo à época do golpe.
Além dela também votaram contra o pedido de esclarecimento os vereadores Juarez Araújo, Rodrigo Salomon, Aderbal Sodré (todos do PSDB) e Márcia Santos (PV). O voto contrário gerou críticas de moradores nas redes sociais.
“Meu voto não foi contra dar informações, mas contra a forma que foi colocado o pedido de informação. Enviamos documentos e tinha informações no site da Câmara. Deu a impressão que estamos negando informações sobre as providências tomadas. Só não pudemos falar sobre os próximos passos porque a polícia instruiu para não falarmos”, disse a vereadora Lucimar Ponciano.
Foto: Prefeitura de Jacareí/Divulgação