A Polícia Civil investiga a informação de que drones estariam sendo usados para monitorar e lançar granadas em comunidades do Rio. Moradores dizem que traficantes do Complexo de Israel e do Quitungo, que ficam na Zona Norte e são rivais, têm usado os equipamentos para lançar explosivos.
Uma das primeiras medidas vai ser enviar um ofício para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para saber se houve algum pedido de autorização para sobrevoo de drone naquele espaço aéreo.
Imagens que teriam sido gravadas pelos próprios bandidos mostram o monitoramento dos alvos antes do lançamento das granadas.
Um dos vídeos mostra um dos ataques no Morro do Quitungo, na terça-feira (2). A gravação mostra que o drone levava uma granada, que é balançada de um lado para o outro até cair perto de um ponto de venda de drogas.
Segundo testemunhas, cinco homens ligados ao tráfico de drogas ficaram feridos com estilhaços. A inteligência da polícia, no entanto, procurou em hospitais e não encontrou nenhuma vítima. A região do Quitungo é controlada pelo Comando Vermelho (CV). Um drone chegou a cair na casa de uma moradora.
“Os meninos da Cidade Alta, tá me entendendo? Jogou (sic) uma granada aqui dentro da minha casa, em cima do meu terraço. Tenho um filho especial. Tenho três crianças dentro da minha casa, isso é uma covardia”.
Já no Complexo de Israel, que é dominado pelo rival Terceiro Comando Puro (TCP), as imagens mostram os criminosos monitorando a favela. Dessa vez, não há ataque, mas o equipamento passa bem próximo ao símbolo da comunidade, que fica na Cidade Alta.
A Estrela de Davi foi escolhida pelo traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, um dos bandidos mais procurados do RJ, conhecido como Peixão. Durante a pandemia, ele expandiu o controle na área se denominando “o escolhido por Deus”.
No fim de semana, ele proibiu que igrejas católicas realizassem suas cerimônias e missas. Duas catedrais foram paralisadas. Há anos, ele já tinha proibido que religiosos de matrizes africanas manifestassem sua fé e quebrou terreiros.
Ao g1, o titular da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) confirmou que abriu uma investigação para apurar esse caso.
Nesta segunda-feira (8), policiais do 16º BPM (Olaria) fazem uma operação nas comunidades Cinco Bocas, Cidade Alta e Pica-Pau, que são controladas pelo TCP.
Entre os objetivos da ação, está a repressão ao crime organizado local. Questionada, a PM disse que busca “reprimir o crime organizado local e todas as suas modalidades de atuação, assim como também visa prender os envolvidos e apreender todo e qualquer material ilícito”.