Contrariando a ideia de que um maior número de refeições menores seria mais saudável, estudo da República Tcheca observou dois grupos de 27 pessoas durante seis meses. Quem fez apenas duas refeições conseguiu melhor controle do peso e das taxas de glicose
Pesquisadores do Instituto de Medicina Clínica e Experimental de Praga, capital da República Tcheca, apontam que reduzir o número de refeições diárias pode ser uma medida eficaz para o controle de diabetes tipo 2, a forma mais comum da doença.
O estudo observou dois grupos de 27 voluntários, com idade entre 30 e 70 anos, durante seis meses – nos três primeiros, um grupo faria apenas duas refeições, entre 6h e 10h e entre 12h e 16h. O outro faria seis pequenas refeições, inclusive à noite. Depois o processo se inverteria.
Os voluntários perderam mais peso durante o período de menor número de refeições (1,4 kg a menos que o outro grupo, além de 4 cm a menos na cintura do que os outros participantes) e apresentaram taxa glicêmica menor. “Os números comprovam a evidência de que poucas refeições maiores seriam o melhor caminho a seguir por quem tem diabetes tipo 2”, afirmaram os autores do artigo publicado nesta quinta-feira na publicação Diabetologia.
As duas dietas eram de 1.700 calorias e compostas de 50 a 55% de carboidratos, 20 a 25% de proteína e menos de 30% de gordura. A coordenadora da pesquisa, Hana Kahleova, declarou que os pacientes ficaram com medo de sentir fome à noite, mas esse temor não se confirmou. “Pelo contrário, aqueles que fizeram seis refeições ao dia não se sentiram satisfeitos. Foi um dado muito surpreendente”, explicou à TV britânica.
“Nossos dados contradizem a opinião generalizada de que comer com mais freqüência é mais saudável. Alguns estudos têm sugerido que pessoas que consomem mais lanches são menos propensas a serem obesas, mas outras grandes pesquisas têm demonstrado que lanches frequentes podem levar ao ganho de peso e ao aumento do risco de diabetes tipo 2”, destaca o artigo publicado ontem.
A comunidade científica reagiu ao achado tcheco, reafirmando que uma dieta saudável e equilibrada, exercícios físicos e a manutenção do peso saudável , além de seguir a terapia medicamentosa, são medidas vitais para controlar a doença. “Serão necessários estudos mais amplos – tanto no número de voluntários quanto em tempo – para estabelecer mudanças nas recomendações que são dadas às pessoas com diabetes tipo 2”, alertou a Sociedade Britânica de Diabetes.