O período mais crítico do furacão Alex nos Açores ocorrerá entre as 8h e as 11h locais desta sexta-feira (entre as 9h e as 12h em Portugal continental), altura em que se prevê a sua passagem em cima do arquipélago, informou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), depois de uma madrugada em que se sentiram os primeiros efeitos do furacão sem notícia de incidentes.
“A passagem do furacão em cima do arquipélago é entre as 8h e as 11h, que será o período mais crítico”, afirmou à Lusa a meteorologista Fernanda Carvalho, da delegação regional dos Açores do IPMA.
Alex é o quarto furacão que chega aos Açores no século XXI
Fernanda Carvalho explicou que já se registam “eventos de precipitação forte, mas ainda não os valores que possivelmente vão cair”.
“Temos em várias ilhas valores de queda de precipitação que ultrapassam os 10 litros por metro quadrado”, referiu a meteorologista, adiantando que no caso do vento já se registaram rajadas máximas de 90 quilómetros/hora no grupo central.
O IPMA anunciou que o furacão Alex mantém as características previstas para a sua passagem nos Açores, apesar de apresentar indícios “de algum enfraquecimento na sua estrutura”.
“Estamos todos expectantes. As pessoas estão de prevenção”, sabendo que o pico de intensidade será ao fim da manhã, início da tarde, disse ao PÚBLICO Paulo Castelo, presidente da Junta de Freguesia de Ribeirinha, no concelho da Horta, ilha do Faial, uma zona mais rural, onde as pessoas estão em casa. Como nos restantes concelhos das ilhas do Grupo Central e Oriental, os serviços públicos, administrativos e regionais e os tribunais estão encerrados. Também as escolas estão fechadas, como determinou a Secretaria Regional da Educação e Cultura.
Na Horta e noutras cidades como Praia da Vitória, na Ilha Terceira, o movimento de pessoas e de carros é quase inexistente. “Muito poucos carros estão a circular ou estão estacionados. As valetas estão cheias de água, vêem-se poucas pessoas na rua e os estores das casas estão fechados”, diz também Célia Pereira, secretária-geral da Santa Casa da Misericórdia da Horta. A instituição mantém abertas apenas as valências de internamento, decidindo fechar as Actividades de Tempos Livres (ATL) e Centro de Actividades Ocupacionais, como recomendado pela Protecção Civil.
Alice Rosa, presidente da Junta de Freguesia da Matriz, uma das freguesias citadinas da Horta, indica que “as pessoas estão a tentar ter alguma precaução” – para não andarem na rua e não se aproximarem das zonas ribeirinhas – mas que, de forma geral, “estão habituadas ao mau tempo”. A preocupação é maior nas zonas rurais, confirma, e especialmente nas zonas mais viradas a sul e a oeste, que previsivelmente estarão mais expostas aos fortes ventos e precipitação, de acordo com a trajectória prevista do furacão Alex.
Num ponto de situação às 9h, Vasco Cordeiro, presidente do Governo Regional dos Açores, esclareceu que, face às expectativas, as ilhas de São Jorge e Terceira “suscitam uma atenção reforçada” da Protecção Civil e de todos os serviços envolvidos na prevenção e acompanhamento da situação.
“É certo que [a situação] merece cautela mas impõe-se também uma nota de serenidade”, afirmou na sede da Protecção Civil e Bombeiros dos Açores, na Ilha Terceira. E explicou que a fase da preia-mar estava ultrapassada, o que permitia “alguma tranquilidade relativamente aos riscos associados à agitação marítima”. Descreveu uma situação de “algum transbordo de ribeiras em ilhas, como o Pico e São Miguel”.
Um comunicado disponível na página do Facebook da delegação regional dos Açores do IPMA informa que, de acordo com o centro de Furacões de Miami (EUA), o centro do furacão Alex encontrava-se às 2h “a cerca de 445 quilómetros a su-sueste do Faial, dirigindo-se para norte com uma velocidade de cerca de 35 quilómetros/hora [km/h], o que implica a sua passagem sobre as ilhas do grupo central dos Açores durante a manhã”.
“Muito embora haja indícios de algum enfraquecimento na sua estrutura, o Alex deverá manter no essencial as características inicialmente previstas durante a sua passagem nos Açores”, esclarece o IPMA, observando que se mantém a previsão de precipitação forte, ventos com rajadas que podem atingir os 160 km/h e ondas com altura máxima de 18 metros” neste grupo, constituído pelas ilhas da Graciosa, Faial, Pico, São Jorge e Terceira.