O futebol é um esporte que, entre tantos outros motivos, é apaixonante pela sua imprevisibilidade. É nele que o acaso opera com mais frequência, em que guinadas improváveis acontecem, reviravoltas históricas. Mas não é futebol que o Vasco pratica atualmente. É outra coisa e nela não existe o aleatório, só o óbvio. E essa lógica dizia que o Grêmio venceria o time carioca sem dificuldades. Dito e feito: 4 a 0 em Porto Alegre sem sinais de reação do Cruz-maltimo.
Os 24 pontos deixam a equipe na zona de rebaixamento. Para sair dela, tradicionalmente a conta mágica é de 45 pontos. O Vasco precisaria então de sete vitórias em 15 partidas até o fim do Brasileiro. Até agora, foram seis em 23.
O óbvio diz que a situação é muito difícil porque, dentro de campo, o time de Ricardo Sá Pinto não consegue sair da medriocridade que se transformou em regra. Nada surge de novo em termos táticos. Nenhum jogador descobre uma boa fase que o transforme em um desequilibrador. Não há uma guinada da sorte, nem uma injeção de coragem para que o time jogue sem ser com a postura de apenas se defender.
A única coisa que o Vasco pega pela mão e não larga é o futebol pobre. Sá Pinto manteve o esquema com três zagueiros, apesar da fragilidade que ele tem mostrado nos últimos jogos. Foram três jogadores que subiram com Diego Souza e o atacante do Grêmio ainda conseguiu cabecear para abrir o placar, no primeiro tempo.
Depois do intervalo, o resultado foi definido rapidamente, com um segundo de Diego Souza e outro gol, bonito, de fora da área, marcado por Pinares. Aos 9 minutos do segundo tempo, a fatura estava liquidada na Arena do Grêmio. Na verdade, antes mesmo de a bola rolar, o resultado já estava definido.
A lógica dizia que a vitória vascaína era impossível: de um lado, o trabalho de quatro anos de Renato Gaúcho, do outro, o de um mês e meio de Ricardo Sá Pinto. Pelo Grêmio, Pepe, joia lapidada com o zelo que clubes bem estruturados permitem, pelo Vasco, Talles Magno, promessa jogada na fogueira e que se desvaloriza a cada rodada em que não consegue ser a solução de um time em frangalhos. Neste domingo, teve uma bola dentro da área em plenas condições de finalizar, mas preferiu esperar uma falta que não veio.
Talvez um lance de sorte, um apagão gremista, pudesse ter trazido outra sorte para o Vasco em Porto Alegre. Afinal, é tão comum acontecer no futebol. Mas não para o Vasco. Para ele, só conta a lógica que deixa o time cada vez mais ameaçado pelo rebaixamento. Tanto que nos acréscimo, o time ainda levou o quarto gol, de pênalti, cobrado por Lucas Silva.