Um dos maiores nomes do circo mundial, Orlando Orfei morreu na noite de sábado (1), aos 95 anos, de pneumonia. O artista estava internado no HSCOR de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, desde o dia 16 de julho.
Nascido em 1920, na Itália, Orlando Orfei estava no Brasil desde o fim da década de 1960. O artista começou a se apresentar como palhaço ainda na infância, aos 6 anos. Foi numa visita ao Brasil, durante o Festival Mundial do Circo, no Maracanãzinho, no Rio, que ele se apaixonou pelo país.
Aqui, ele montou o Circo Nazionale D’Itália, que estreou em São Paulo em 1969. Três anos depois, fundou o Tivoli Park, na Lagoa, na Zona Sul do Rio. O Tivoli Park, que encerrou suas atividades cerca de duas décadas depois, foi um dos mais famosos parques de diversão do país.
Orlando deixa seis filhos, treze netos e seis bisnetos. O corpo do artista será velado nesta segunda-feira (3), a partir das 14h, no Cemitério Jardim da Saudade de Mesquita. O enterro será na terça-feira (4), no mesmo cemitério.
Atores lamentam perda
O ator e empresário Marcos Frota, que é dono de circo, lamentou a morte de Orfei, que definiu como um “transgressor” e “senhor dos picadeiros”. Ele lembrou que o circo do italiano percorreu todos os lugares do Brasil nas décadas de 70 e 80, inclusive passou por locais de difícil acesso, no meio da Floresta Amazônica.
Marcos Frota conta que se inspira no trabalho de Orfei, como símbolo um símbolo de resistência, de luta para permanecer trabalhando no picadeiro, independente dos obstáculos. Para ele, as apresentações do circo de Orlando Orfei reuniam referências de várias outras formas de expressão.
“Ele tinha a consciência do caráter ritualístico de uma apresentação circense. Os textos dele eram muito bem elaborados. Ele tinha grande cultura operística, que emprestava aos espetáculos. Ir ao circo do Orlando Orfei era uma experiência inesquecível, na qual você saía diferente do que entrou. Ele fazia o circo ser a expressão de todas as outras artes. O espetáculo era muito plástico. Você entendia um pouco da história do circo através dos tempos”.
O ator Richard Riguetti, um dos fundadores da Escola Livre de Palhaços, a Eslipa, também lembra da faceta de Orfei como um representante da resistência pelas artes circenses. “Orlando Orfei está para o circo assim como o Maracanã está para o futebol. Ele representa a grandiosidade, a espetacularidade e a potencia do circo brasileiro. Ele deixa um legado de que é possível ser grande mesmo superando todas as dificuldades que o circo vem passando com a falta de políticas para o segmento. Era uma verdadeira fera”.