Desde o primeiro dia deste ano, toda a obra do escritor taubateano Monteiro Lobato (1882 – 1948) passou a ser de domínio público. Com esta condição jurídica – caracterizada pelos 70 anos da morte dele –, tudo o que ele publicou fica livre para o uso comercial, como reedições em livros por exemplo, sem pagamento de direito autoral.
Pesquisadores sobre o autor apontam que a medida pode servir para que a obra dele se popularize ainda mais. O empresário que representa os descendentes de Lobato também acredita em mais popularidade, mas informou que a família vai continuar a zelar pela imagem dele. (leia mais abaixo)
Para o pesquisador Pedro Rubim, o público passará a ter outras versões dos personagens famosos, como os do Sítio do Pica-pau Amarelo. “O olhar editorial sobre o Lobato vai se diversificar muito. Para se ter uma ideia, algo parecido aconteceu com a obra de Machado de Assis, quando ele foi a domínio público. Tivemos peças e filmes que atualizavam as histórias dele”, exemplifica.
“Depois de Machado, Lobato é o escritor brasileiro mais popular a cair em domínio público. Logo, ter domínio público é uma oportunidade de as editoras trabalharem com personagens que já são populares”, explica Rubim.
Tina Lopes, coordenadora do Museu Monteiro Lobato, em Taubaté, espera que o trato dado à obra dele a partir deste ano leve em consideração os contextos envolvidos. “O meu receio é de que as pessoas não entendam e façam adaptações livremente, mas de forma que deturpe os obras. No museu o nosso plano de trabalho vai continuar seguindo o respeito à obra na íntegra”, disse.
Em 2018, mais de 108 mil visitantes passaram pelo museu que leva o nome do escritor em Taubaté, que tem atores caracterizados como personagens do Sítio do Pica-pau Amarelo e uma exposição permanente sobre a vida de Lobato. A cidade também tem uma semana literária dedicada a valorizar o legado do autor.