A CIA, agência federal de inteligência dos Estados Unidos, insiste em afirmar que as técnicas brutais de interrogatório que utilizou contra suspeitos de terrorismo há uma década funcionaram. O Comitê de Inteligência do Senado concluiu que não funcionaram. E a respeito disso, o presidente Barack Obama não está tomando partido.
Apesar de Obama ter repetido sua crença de que as técnicas representam tortura e traem os valores americanos, ele se recusou a comentar a questão fundamental levantada pelo relatório, divulgado na terça-feira (9): elas produziram inteligência significativa para impedir ataques terroristas, ou a CIA enganou a Casa Branca e o público a respeito de sua eficácia?
Afinal, esse debate deixou Obama diante da escolha desconfortável entre dois aliados: o conselheiro próximo e ex-assessor que ele nomeou diretor da CIA, contra seus companheiros democratas que controlam o comitê do Senado e a base liberal que apoia suas conclusões.
“Nós não vamos nos envolver nesse debate”, disse um alto funcionário do governo próximo de Obama, que falou com os repórteres segundo regras que não permitem que ele seja identificado.
A declaração por escrito de Obama, divulgada em resposta ao relatório, tentou se equilibrar no meio dessa divisão. Ele começou expressando apreço pelos funcionários da CIA como sendo “patriotas” aos quais “temos uma dívida de gratidão” por tentarem proteger o país após os ataques de 11 de setembro de 2001. Então ele julgou que os métodos que eles usaram para fazê-lo “provocaram danos significativos à posição da América no mundo”.
E, finalmente, Obama pediu à nação para que pare de brigar por algo que ocorreu muitos anos antes dele tomar posse. “Em vez de outro motivo para brigar novamente a respeito de velhas discussões”, disse o presidente, “eu espero que o relatório atual possa nos ajudar a deixar essas técnicas no local ao qual pertencem –no passado”.