O nível de água do Sistema Cantareira voltou a subir nesta quarta-feira (20) e passou de 41,2% para 41,8% da sua capacidade, segundo dados divulgados pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
É a 20ª alta consecutiva que o Cantareira registra neste ano, apesar da pouca chuva no manancial nas últimas 24 horas. O montante de chuva acumulada no mês é de 180,5 milímetros.
Em 30 de dezembro de 2015, o Sistema Cantareira registrou elevação e deixou a dependência do volume morto após 19 meses.
Os sistemas Cantareira, Alto Tietê e Rio Claro apresentaram elevação de nível nesta quarta, o sistema Rio Grande perdeu água e o Guarapiranga e Alto Cotia ficaram estáveis. Confira as capacidades e os percentuais dos sistemas nesta quarta-feira:
– Cantareira: 1.269 bilhões de litros (com o volume morto) e está com 41,8% da capacidade
– Alto Tietê: 573,8 bilhões de litros e está com 28,9% da capacidade
– Guarapiranga: 171,2 bilhões de litros e está com 86,4% da capacidade
– Alto Cotia: 16,5 bilhões de litros e está com 99,5% da capacidade
– Rio Grande: 112,2 bilhões de litros e está com 93,3% da capacidade
– Rio Claro: 13,7 bilhões de litros e está com 79,9% da capacidade
Volume Morto
A reserva técnica começou a ser bombeada em maio de 2014. Na época, ainda havia água no volume útil. Em julho, porém, o sistema passou a operar somente com o volume morto.
Especialistas ouvidos, no entanto, alertam que o Cantareira ainda segue em crise porque não se recuperou totalmente. A Sabesp também informou que não descarta voltar a usar a reserva técnica no próximo período seco, com a chegada do inverno.
O fim da dependência da reserva técnica ocorreu antes do previsto pela Sabesp. A expectativa era de uso até o fim do verão, com probabilidade de 98% de o Cantareira sair do volume morto até abril.
A chuva acima da média nos últimos meses acelerou o processo e as represas acumularam mais água por causa da precipitação intensa e entrada de água no manancial.
Dezembro registrou 259,4 mm de chuva e a média histórica para o mês é de 219,4 mm. Mesmo assim, a crise ainda não acabou nos reservatórios do estado operados pela companhia na Grande São Paulo, já que o sistema ainda vive uma “restrição hídrica”, segundo informou a assessoria de imprensa da Sabesp.
Segundo boletim divulgado pela Sabesp nesta quarta-feira, o nível de água do sistema chegou a 41,8%, índice que considera o volume acumulado em relação ao volume útil. Após uma ação do Ministério Público (MP), aceita pela Justiça, a Sabesp passou a divulgar outros dois índices do Cantareira.
O segundo índice, que está em 32,3%, leva em consideração o volume armazenado na capacidade total, incluída a área do volume morto. O terceiro índice leva em consideração o volume armazenado menos o volume morto na área total dos reservatórios, e estava em 12,5% nesta manhã.
O Cantareira chegou a atender 9 milhões de pessoas só na Região Metropolitana de São Paulo, mas atualmente abastece 5,4 milhões por causa da crise hídrica que atingiu o estado em 2014. Os sistemas Guarapiranga e o Alto Tietê absorveram parte dos clientes, para aliviar a sobrecarga do Cantareira durante o período de estiagem.
Leia abaixo mais questões sobre o volume morto e a crise hídrica em São Paulo.
O QUE É O VOLUME MORTO
O volume morto é uma reserva com 480 bilhões de litros de água situado abaixo das comportas das represas do Cantareira. Até então, essa água nunca tinha sido usada para atender a população. Em maio de 2014, bombas flutuantes começaram a retirar essa água. A decisão de fazer essa captação foi tomada por causa da crise hídrica que atingiu o estado de São Paulo no ano passado.
O governo do estado tentou fazer desvios para usar a água de outras represas, mas essas manobras não foram suficientes para atender toda a população da Região Metropolitana de São Paulo. Após o nível do sistema atingir um patamar preocupante, a Sabesp começou a fazer obras para conseguir bombear a água do volume morto.