A derrota do Sport para o Bahia por 1 a 0 na final da Copa do Nordeste teve repercussões muito fortes na equipe pernambucana. O treinador Ney Franco foi demitido logo após o fim da partida, em uma cena incomum apesar do alto número de técnicos que são mandados embora no futebol brasileiro. Durante o “Troca de Passes”, o ex-treinador e agora comentarista Muricy Ramalho deu sua opinião sobre o assunto. Para ele, Ney conseguiu entender a situação por ser uma pessoa tranquila, mas a ocasião não deixa de ser complicada.
– O Ney realmente é diferente, um cara tranquilo demais. Agora, como treinador a gente não pode reclamar porque já aceitou esse tipo de trabalho, pegou o trabalho andando, é difícil demais acontecer isso. E é claro que é difícil ele estar respondendo um negócio que não deu resultado. Graças a deus eu nunca passei por isso, no vestiário ser demitido acho muito forte a pegada. É que ele é um cara tranquilo demais e absorveu bem, mas com certeza é muito difícil para o treinador.
O agora ex-treinador do Leão foi demitido após 17 jogos no cargo, em uma passagem que durou menos de dois meses. No período, foram seis vitórias, quatro empates e sete derrotas, com um aproveitamento de pouco mais de 43% dos pontos. Apesar de dizer que teria uma reação mais contundente que a de Ney Franco, Muricy acredita que o trabalho dele não se encaixou. Fato que, em sua visão, o próprio treinador reconheceu.
– Tranquilamente assim não, mas com certeza eu reconheceria que o trabalho não foi bom. Então isso aí não tem como, os números estão aí. O trabalho não se encaixou, agora, justamente por isso. Ele não conhecia o elenco do Sport, é muito pouco tempo, ele também estava fora do país estudando. Então ele também sabe que ficou devendo um pouquinho e reconheceu isso.
Muricy também criticou a abordagem dos dirigentes em relação aos treinadores no Brasil. Para ele, o grande motivo da demissão de Ney Franco é a falta de planejamento e de filosofia de trabalho das equipes. Na opinião do ex-treinador, isso demonstra “falta de convicção” dos dirigentes.
– O problema está lá no começo, o planejamento do começo do ano, ou seja, a diretoria sabe de quantas competições vai participar. Então já devia ter feito isso lá no começo, qual é o tipo de técnico, característica que o Sport joga. Infelizmente, no Brasil é assim. Os times não tem uma maneira de jogar, uma filosofia de trabalho. Primeiro, o (Daniel) Paulista que estava lá e era um tipo de treinamento. Depois, vem outro e é outro tipo de treinamento. Isso não é possível, não adianta. Não se faz de uma noite para o dia um time de futebol, tem que ter tempo. Infelizmente, a troca é muito constante e isso, para mim, é um pouco falta de convicção.
Desde a saída de Eduardo Baptista do Sport, em setembro de 2015, cinco treinadores diferentes já passaram pelo clube: Daniel Paulista, Paulo Roberto Falcão, Thiago Gomes, Oswaldo de Oliveira e o próprio Ney Franco. Com a demissão de Ney, a expectativa da direção do Leão é de contratar Vanderlei Luxemburgo como novo treinador.