O motorista Edson Santana Sabino, de 41 anos, que pilotava o ônibus envolvido em um acidente com seis mortos na Oswaldo Cruz (SP-125), afirma que tentou evitar uma colisão com outro veículo e tentou salvar os passageiros.
“Tentei salvar uma família vindo de frente comigo e acabei com a minha família e com meus amigos”, disse.
Edson conduzia o coletivo com 66 passageiros que havia saído da capital com destino a Paraty, no litoral do Rio de Janeiro. No percurso, ele perdeu o controle depois de, segundo o motorista, tentar desviar de um veículo na contramão, quando o coletivo tombou.
No acidente, seis pessoas morreram entre elas a filha de Edson, a menina Ana Júlia, de oito anos. Oito seguiam internadas nesta segunda.
“Eu sou profissional. Eu fiz de tudo. Evitei o ônibus de cair na ribanceira para que todos não morressem. De 67 pessoas, 60 sobreviveram. Lógico, eu queria que todos estivessem vivos, mas foi a vontade de Deus e não a minha. A minha parte eu fiz. Eu tentei de tudo”.
O coletivo alugado por Edson era um ônibus de dois andares. De acordo com a Artesp, o veículo estava com a autorização, vistoria e licenças em dia. Apesar disso, ele não poderia trafegar no trecho de serra da rodovia Oswaldo Cruz – a determinação que proíbe ônibus e caminhões no trecho é de 2014.
De acordo com o Departamento de Estradas e Rodagem (DER), Edson voltava na rodovia no sentido Taubaté depois de ser abordado por uma equipe que o impediu de seguir viagem pela Oswaldo Cruz.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) disse que o coletivo não tinha licença para viagens interestaduais e a suspeita é de que tenha ido por Ubatuba para burlar a fiscalização e seguir de forma irregular até Paraty.
Edson confirmou que seguiria para Paraty, mas alegou que não sabia da restrição e assim que foi alertado pela equipe do DER retornou. “Eu perguntei a colegas de trabalho qual era a estrada mais propícia, mostrei o carro que eu estava e me falaram para seguir pela Oswaldo Cruz. Eu não sabia que não era permitido”.
O motorista enterrou a filha de oito anos nesta segunda-feira (15). Pelo estado de choque após o acidente, a polícia optou por não colher seu depoimento logo após o acidente. Ele deve ser ouvido nos próximos dias.