Vítima de câncer, o jornalista, dramaturgo e ensaísta comandou a Folha durante 34 anos e modernizou a imprensa brasileira
Otavio Frias Filho, diretor de redação da “Folha de S.Paulo”, morreu nesta terça-feira (21), aos 61 anos, em São Paulo. Otavio estava internado no Hospital Sírio Libanês, no Centro da capital, e lutava contra um tumor no pâncreas desde 2017.
O velório será no Cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, e a cerimônia de cremação às 13h30, no mesmo local.
Casado com Fernanda Diamant, editora da revista “Quatro Cinco Um”, deixa duas filhas, Miranda e Emília, e os irmãos Luiz, Maria Cristina e Maria Helena.
Filho de Dagmar Frias de Oliveira e de Octavio Frias de Oliveira, empresário que comprou em 1962 a “Folha de S.Paulo”, Frias Filho nasceu em São Paulo no dia 7 de junho de 1957.
Entre 1975 e 1983, estudou Direito e Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP). Enquanto isso, na “Folha”, assessorava o então diretor de redação, Cláudio Abramo, e seu pai, publisher do jornal.
Em 1984, assumiu, aos 26 anos, a função de diretor de redação. Enfrentou resistência interna e externa, especialmente porque era filho do dono, mas conseguiu conduzir várias reformas no jornal, se tornando uma das figuras mais importantes do mercado jornalístico brasileiro.
Já no primeiro ano sob sua direção, o jornal encampou o movimento das “Diretas Já”, que pedia eleições diretas para presidente após o mandato de João Figueiredo. Com isso, a Folha se consolidava um veículo de imprensa independente das forças políticas.
Nos 50 anos do Golpe de 1964, sob a direção de Frias Filho, a Folha abordou o tema da ditadura militar: “Às vezes se cobra desta Folha ter apoiado a Ditadura durante a primeira metade de sua vigência, tornando-se um dos veículos mais críticos na metade seguinte. Não há dúvida de que, aos olhos de hoje, aquele apoio foi um erro.”
Em 1989, a Folha foi o primeiro jornal brasileiro a implantar a função de Ombudsman, profissional responsável por opinar sobre o trabalho interno da publicação com total liberdade.
Foi um dos responsáveis pela consolidação do processo de modernização do jornal, tornando a “Folha” uma publicação radical na busca por independência e isenção.
Quando assumiu o controle da redação, lançou o Projeto Folha, que transformou o jornal. Criou o “Manual de Redação”, que prega um texto mais descritivo, rigoroso e impessoal.