Milton Ribeiro, responsável pelo MEC, afirmou que se tivesse havido interferência, algumas questões talvez “não estivessem ali”
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou neste domingo, data da primeira prova do enem 2021, que o teste deixou claro que não houve interferência por parte do governo, conforme denúncia que havia sido feita por servidores do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).
“Hoje nós podemos ver que toda essa narrativa que nós tínhamos de partidos de oposição e até meios de comunicação de uma possível interferência na prova não tinha cabimento”. “Talvez se tivesse interferência, pode ser até, hipoteticamente, que algumas perguntas nem estivessem ali. Não houve qualquer interferência em escolha de perguntas.”
Ribeiro não entrou em detalhes sobre quais questões poderiam ter sido retiradas caso o governo tivesse interferido ideologicamente na prova. Disse que apenas “bateu os olhos” na prova e não teve tempo de analisar.
Os candidatos foram submetidos a 90 questões objetivas de múltipla escolha, sendo 45 questões das disciplinas de linguagens, códigos e suas tecnologias e outras 45 questões das disciplinas de ciências humanas e suas tecnologias. Entre os temas, houve questões sobre cultura indígena, erotização do corpo feminino, racismo, meio ambiente e até uma questão sobre passividade política que usou um trecho da canção Admirável Gado Novo, do compositor Zé Ramalho.
“Tem algumas questões que tocam, numa visão mais conservadora, são mais caros ao nosso governo”, afirmou Ribeiro, novamente sem detalhar questões que poderiam hipoteticamente ter incomodado o governo.
O ministro disse concordar com a afirmativa do presidente Jair Bolsonaro de que o teste tem a cara do governo. “Tem mesmo. Seriedade, transparência, assuntos de cunho acadêmico, sem desvios de recursos, sem vazamento de questões ou provas. Essa é a cara do nosso governo”, afirmou.
Auxílio Emergencial
O ministro também fez um paralelo entre o tema da redação (Invisibilidade e Registro Civil) e a concessão do auxílio emergencial pelo governo Bolsonaro durante a pandemia. “Foi o nosso governo que descobriu a existência desses invisíveis. Isso é importante que eu diga para todos. Algumas pessoas nem tinham documento e puderam acessar o auxílio que foi distribuído no ano passado”, afirmou.
Prova
A primeira prova foi realizada neste domingo para mais em meio a polêmicas e à debandada de funcionários do Inep, responsável pela aplicação do exame. Segundo o governo, o índice de abstenção foi de 26%.
O Enem teve inicialmente pouco mais de 4 milhões de candidatos inscritos, o menor número desde 2009. Após o pagamento da taxa e abertura para inscrição de isentos em segunda oportunidade, o número caiu para cerca de 3,4 milhões, sendo a grande maioria para a prova impressa, em detrimento da versão digital.