A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, afirmou que a nota informativa que amplia a possibilidade de uso da cloroquina e da hidroxicloroquina para pacientes com sintomas leves da covid-19 é uma resposta ao “clamor da sociedade”. Em coletiva realizada nesta quarta-feira (20), a secretária destacou que a medida busca igualdade à população no tratamento, salientando que a parcela menos favorecida economicamente enfrenta limitação no acesso aos medicamentos: —
O que nós queremos, senhores, é hoje tornar o princípio da equidade defendido e garantido pelo SUS como a realidade para todos os brasileiros.
A secretária explicou os principais pontos da recomendação, pontuando que a utilização precoce desses medicamentos deverá ocorrer com orientação e acompanhamento de profissionais de saúde.
— Nós não estamos dizendo que esses pacientes farão o uso indiscriminado da medicação. Há um termo de consentimento necessário, que já foi descrito no próprio documento do Conselho Federal de Medicina — afirmou.
Mayra destacou que a orientação do governo não afasta a necessidade de estudos científicos sobre o uso desses medicamentos em relação à covid-19, mas ocorre em um cenário em que não há tempo para esperar essas comprovações:
— Não estamos nos afastando da ciência. Nós estamos nos aproximando da necessidade de garantir a vida em tempos de guerra.
Nova recomendação
A norma do Ministério da Saúde sobre o uso dos medicamentos de maneira precoce foi divulgada nesta quarta-feira. Em princípio, as drogas são indicadas, respectivamente, para o tratamento da malária e de doenças reumatológicas. Segundo as novas orientações, o paciente deve assinar um termo de consentimento que afirma que a cloroquina e a hidroxicloroquina podem causar efeitos colaterais, “como redução dos glóbulos brancos, disfunção do fígado, disfunção cardíaca e arritmias, e alterações visuais por danos na retina”.
Até então, a medicação era prevista apenas para doentes em estados grave e crítico, em ambiente hospitalar, com monitorização realizada por equipes de profissionais da saúde. Entidades que representam a sociedade médica no país criticaram a nova recomendação e especialistas ouvidos . reagiram com receio e contrariedade ao posicionamento do governo federal.