Futebol coletivo, jogadores trocando de posição constantemente e pouco estrelismo. Diferentemente de Brasil e Argentina, que têm em Neymar e Messi as suas esperanças para conquistar a Copa do Mundo, a Alemanha chama a atenção por dividir de forma igualitária o protagonismo. Ou chamava. A afirmação era uma verdade incontestável até começar o Mundial. Aos poucos, Thomas Müller se apossou do status de referência do time e terminou a fase de grupos como o cara de sua seleção.
Você pode não considerar Müller o jogador mais talentoso desta Copa, mas não deve brigar com os números: até aqui, o alemão foi mais eficiente que Neymar e Messi. Precisou de sete finalizações para marcar os seus quatro gols, quatro a menos que o brasileiros e seis a menos que o argentino. Os dados foram inclusive destacados orgulhosamente pela DFB (Federação Alemã de Futebol).
– Na fase preparatória nós vimos que o Müller é mentalmente forte e vai ser difícil para qualquer adversário detê-lo. É difícil enfrentá-lo porque ele é muito inteligente e sempre descobre uma maneira de chegar na área. Ele está muito bem fisicamente e tenho a impressão que é muito fácil para ele. É um jogador muito importante para nós – disse o técnico Joachim Löw.
A confiança do treinador está longe de se transformar em pressão sobre o atacante. Interessado muito mais no título de campeão do que no de craque da Copa, ele já deixou claro que não pensa em lutar por marcas individuais. Até porque não seria uma novidade: em 2010, ele faturou o prêmio de revelação e também levou para casa a Chuteira de Ouro. Mas quando o assunto é conquistar a taça, o discurso muda de tom.
– Temos planos ambiciosos e ainda não estou satisfeito. Nossa equipe sempre quer mais e vamos trabalhar para isso – afirmou o camisa 13, confirmadíssimo no time que vai enfrentar a Argélia, na próxima segunda-feira, no Beira-Rio, pelas oitavas de final.
ATRÁS APENAS DE KLOSE:
Discreto com as palavras, Müller costuma atrair os holofotes quando veste a camisa da seleção. Principalmente quando o assunto é Copa do Mundo. Foi assim na estreia contra Portugal, quando marcou três dos quatro gols da equipe, e voltou a balançar as redes diante dos Estados Unidos. Aproveitamento que fez o técnico da seleção americana e exímio atacante no passado, Jürgen Klismann, alertar os demais zagueiros:
– Ele não precisa de duas tentativas. Com uma já resolve.
O poder de decisão do goleador, porém, não vem de hoje. Aos 24 anos, o atleta transformou-se no segundo maior artilheiro em atividade do torneio, com nove gols – empatado com o espanhol David Villa, que se despediu da seleção com a eliminação precoce no Grupo B.
Parece pouco se comparado com os 15 do companheiro de time, Miroslav Klose, mas chama a atenção quando se observa que Diego Maradona, que chegou a confundir Müller com um gandula antes de um amistoso entre a Alemanha e Argentina, em 2010, tem apenas oito gols em quatro edições do torneio. Se tudo der certo, o atacante disputará ao menos mais duas Copas (aos 28 e 32 anos). Como não imaginá-lo superando todos os recordes?